Qual a fatia que cabe ao trigo no todo do preço do pão francês? Foi em busca dessa resposta que a assessoria econômica da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS) fez um cálculo, com base em preços médios - e a partir do retrato deste momento - das matérias-primas e do produto final. No primeiro cenário, em que leva em consideração o valor do grão (saca de 60 quilos a R$ 94), encontrou como resultado um percentual de 14,24%.
Foram utilizadas, ainda, como referências, a quantidade de trigo necessária para produzir 50 quilos de farinha e o valor do quilo do pão francês praticado nas padarias e varejo em abril de 2022 (R$ 12 e R$ 13), explica o economista Tarcísio Minetto.
No segundo cenário, considera-se o peso da farinha. E a resposta encontrada foi de 25,7%. Conta feita a partir do valor médio do saco de 50 quilos (R$ 184), que rende entre mil e 1,1 mil pães.
— O resto da composição do custo é gordura, fermento, mão de obra, energia, embalagens, entre outros insumos. Há variáveis distintas na formação do preço que precisam ser consideradas — completa Minetto.
O economista pondera que o objetivo da pesquisa era justamente mostrar às pessoas quais são os outros ingredientes que pesam no valor final do "cacetinho". Ele lembra ainda que o produtor vem enfrentando alta expressiva nos custos de produção. Nos últimos 12 meses, chegou a 51%. A cotação da saca de trigo em igual período também subiu, mas em patamar inferior: 16,7%:
Outro ponto importante a ser considerado é o fato de que o Brasil precisa importar cerca de metade do trigo que consome para atender à demanda. Isso inclui na balança os efeitos da variação cambial e da valorização global que vem como efeito do conflito envolvendo Rússia e Ucrânia, maior e o quarto maior exportador mundial do cereal.