A jornalista Karen Viscardi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A nova tabela de frete rodoviário, que começou a vigorar na segunda-feira (20) no país com aumento de até 15%, é alvo de críticas do setor produtivo.
— O índice é incompatível com a realidade, sendo muito difícil para o setor absorver, até porque as margens já estão achatadas — afirma Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Na indústria de aves, o impacto da alta ainda não foi avaliado, mas deve resultar em aumento de preços ao consumidor, ainda mais com a estiagem, que prejudica a produção de milho para ração, e a ampliação das exportações.
— Temos um fluxo intenso de transporte, tanto na produção primária quanto no escoamento, seja interno ou para outros Estados e países — explica José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Os produtores de soja, principal grão cultivado e exportado pelo Estado, também amargarão perdas.
— Desde o início o tabelamento foi um grande erro, vai na contramão de tudo que o governo se propôs. É uma condição que não vai se sustentar, pois o valor do frete é descontado do preço pago ao produtor, que já tinha baixa margem de lucro, em torno de 10% — considera Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).
Ele exemplifica que agora o custo médio de frete na metade Norte do Estado é de R$ 8 por saca de soja, contra R$ 7,20 antes da alta, com impacto de R$ 40 a mais por hectare (na média de 50 sacas).
Desde a adoção da tabela de frete, parte de cerealistas, produtores e indústria intensificaram investimentos na aquisição de caminhões.
— Esse movimento é muito ruim. Para competir, a empresa tem de investir em seu negócio e transporte não é o foco. Assim, se perde eficiência econômica — alerta Luz.
O setor reforça a necessidade de investimentos em ferrovias como forma de reduzir a dependência do transporte rodoviário.
— Esse problema só vai acabar quando houver a retomada da malha ferroviária, que foi sucateada no Estado — considera o presidente da Aprosoja.
Agora, a expectativa é sobre julgamento no Supremo Tribunal Federal, que deve ocorrer em 19 de fevereiro, sobre a validade da tabela de frete.
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