Ganhou destaque na mídia a declaração da atriz Maitê Proença de que teria sido sondada para assumir o Ministério do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Segundo declaração feita ao colunista do jornal O Globo Ancelmo Gois, o objetivo seria "tirar o viés ideológico" a que o setor ambiental ficou associado.
Mas a indicação, de fato, de Maitê, parece pouco provável. Por uma série de motivos.
O primeiro é justamente o fato de ela sair falando sobre eventual sondagem. Os últimos nomes a fazerem isso acabaram ficando de fora do governo que está sendo formado.
Segundo, porque uma escolha como essa destoaria de todas as outras feitas até agora pelo presidente eleito. Até o momento, tem apontado pessoas que reúnem qualidades técnicas — caso da deputada Tereza Cristina, ministra da Agricultura, que é engenheira agrônoma, produtora rural e ainda tem o peso de líder da bancada ruralista no Congresso. E embora a atriz tenha todo o direito a e legitimidade de sair em defesa do ambiente, usando inclusive sua imagem pública para tal, comandar uma pasta de tamanha importância exige muito mais do que disposição para diálogo e bom relacionamento.
Produtores também têm a avaliação de que o Meio Ambiente é um ministério marcado por ideologias e que é preciso melhorar a comunicação e a interação com o setor produtivo — tanto que havia quem defendesse a famigerada fusão. E para criar esse canal com o agronegócio, é preciso estar em pé de igualdade. E para tal, é necessário conhecer o ambiente em profundidade. Para poder responder com argumentos à altura a questionamentos que certamente serão feitos, não apenas de agricultores e pecuaristas, mas de todos os segmentos com interface com a pasta.
Maitê é ex-mulher de Paulo Marinho, empresário próximo de Bolsonaro. E isso poderia estar pesando na sondagem. De novo, amigos muito próximos já ficaram de fora do governo. Luiz Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista e presença constante na campanha e na transição, é um exemplo. Seu nome, que foi cotado para o cargo, acabou sendo preterido pelo da deputada Tereza Cristina, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
É dentro dessa lógica que a nomeação de Maitê não faz sentido.