Dificuldades logísticas têm feito embarques de proteína animal – carne de aves e de suínos – migrarem para o porto de Itajaí, em Santa Catarina. O produto congelado é despachado via contêineres.
Neste ano, no entanto, dois problemas fizeram com que 15% da carga gaúcha zarpasse para Santa Catarina, segundo estimativa do Terminal de Contêineres (Tecon) de Rio Grande. É receita que deixou de entrar no Estado.
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Primeiro, houve falta de contêineres no mercado. Segundo, a capacidade de armazenagem da câmara frigorífica no porto do Rio Grande do Sul foi insuficiente para atender à demanda – sem o contêiner, é preciso estocar a carne.
Conforme o diretor comercial do Tecon, Renê Wlach, há apenas um entreposto, com 13 mil metros quadrados, enquanto em Itajaí são pelo menos sete, somando cerca de 200 mil metros quadrados.
– Rio Grande tem um potencial adormecido. Se forem feitos investimentos em câmaras frigoríficas, atrairá as cargas do norte do Estado para o porto – avalia Wlach.
Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que 60% da carne de frango e suíno processada no país é despachada por meio de portos catarinenses.
Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), confirma que as empresas começaram a se reposicionar para embarques em SC, devido a fatores que vão além da armazenagem:
– O entreposto é estratégico, mas não é tudo. Passamos 2017 tendo de administrar problemas: custo dos pedágios, estradas em obra (duplicação da BR-116), movimentos de paralisação.
Se não quiser continuar perdendo espaço, o Rio Grande do Sul precisará repensar suas estratégias neste importante setor – o Estado é o terceiro em abates de suínos e de frangos no país.