Já é tempo de costurar o próximo Plano Safra. Aliás, a visita nesta quinta-feira do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, à Expodireto, traz a expectativa de que ele possa dar pistas sobre medidas que venham a ser adotadas no ciclo 2017/2018.
Um dos principais pedidos do setor, no momento, é para que haja redução no juro dos financiamentos do crédito rural, já que a taxa básica vem caindo.
Dificilmente Maggi trará uma definição sobre isso, até porque é uma decisão que passa por outras pastas, como a da Fazenda.
Mas entidades do setor estão organizadas com seus pedidos. É o caso da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), que enviou um documento com sugestões ao Ministério da Agricultura. Entre as propostas, uma que promete dar o que falar.
Para aumentar a captação dos recursos colocados à disposição do produtor, a ideia é ampliar o percentual dos depósitos compulsórios e da poupança direcionados ao crédito rural.
É que, na avaliação da Farsul, existe um descompasso entre o dinheiro que é anunciado no Plano Safra e o que efetivamente tem nas agências bancárias. E isso ocorre porque houve diminuição dos depósitos à vista e de poupança em razão da crise econômica.
– O anúncio é um ato político. Mas tem uma carga de consequência, de expectativas – observa o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz.
Para o economista, faltaram recursos para o Plano Safra. Em 2014/2015, foram R$ 156,1 bilhões anunciados e R$ 132,3 bilhões tomados. No ano seguinte, a relação foi de R$ 187,7 bilhões e R$ 143,9 bilhões e no ciclo atual, R$ 183,8 bilhões e R$ 79,9 bilhões, segundo dados do Banco Central.
– E os produtores estão demandando mais dinheiro, porque ampliaram a área, o que traz um aumento de custo. Não faz nenhum sentido o produtor não pegar o crédito oficial, que tem a menor taxa – argumenta Luz.
Outras evidências consideradas pela entidade são a seletividade e o número de contratos em queda – passaram de 504,45 mil em 2014/2015 para 491,18 mil em 2015/2016 e 279,12 mil em 2016/2017.
Gerente de mercado agronegócios do Banco do Brasil (BB) no Estado, João Paulo Comerlato diz que não faltaram recursos para o Plano Safra.
– Nesses últimos anos, em nenhum momento faltou dinheiro para o BB. No Moderfrota, por exemplo, viemos para a Expodireto com recursos para atender a toda a demanda – completa.
Resta saber agora se o ministro da Agricultura vai comprar a proposta de aumentar os percentuais dos depósitos compulsórios e da poupança direcionados ao crédito rural.