Ferve a polêmica relacionada à intenção do Brasil, maior produtor mundial, de importar do Vietnã café da espécie conilon. A autorização foi publicada na terça-feira no Diário Oficial da União, mas nesta quarta-feira, diante da repercussão negativa, o presidente Michel Temer suspendeu temporariamente a medida. Seria a primeira vez que o país compraria do Exterior o produto em grão, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que reclama de escassez de matéria-prima devido à quebra de safra no Espírito Santo.
A produção reduzida deixa o cafezinho mais caro para o consumidor. Levantamento da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) mostra que, em fevereiro, o preço médio do pacote de 500 gramas no Estado é de R$ 10,37, valor 18% acima de um ano atrás, enquanto a inflação desacelera no país.
A produção menor no Espírito Santo teria duas razões. A seca que afetou o Estado e, em segundo lugar, a paralisação forçada da irrigação das plantações que recebiam água do Rio Doce, afetado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, no final de 2015.
O plano do governo federal era trazer da Ásia 1 milhão de sacas de conilon, considerado de qualidade mais baixa, usado na produção de café solúvel. Para isso, o imposto de importação seria reduzido de 10% para 2%, até maio. O quadro dos estoques internos também foi levado em consideração. Contrariados com a intenção do governo federal, cafeicultores chiaram. E ontem interromperam o tráfego em dois pontos da BR-101, no Espírito Santo.
O Brasil costuma importar apenas café já industrializado. A safra da espécie arábica, considerada mais nobre, não foi afetada pela seca.
*Interino