Enquanto as colheitadeiras começam a acelerar o ritmo nas lavouras de soja no Rio Grande do Sul, uma informação vinda dos Estados Unidos pressionou ainda mais para baixo os preços da soja, que já estavam aquém do imaginado pelos produtores gaúchos. Evento que traz as primeiras perspectivas de plantio da safra americana, o USDA Outlook Forum 2017, que se encerra nesta sexta-feira, mostrou na quinta-feira que os agricultores dos EUA demonstram a intenção de plantar neste ano 35,6 milhões de hectares com o grão, acima do estimado pelo mercado, e 1,8 milhão de hectares a mais em relação a 2016.
Com a perspectiva de safra maior, as cotações recuaram em Chicago e aqui. No porto de Rio Grande, a soja disponível, que na quarta-feira estava cotada na casa dos R$ 72, baixou para R$ 71. Para o analista de mercado Farias Toigo, os números do USDA, ao lado do câmbio – que ele acredita possa buscar patamar próximo de R$ 2,90 –, são fatores que podem puxar para baixo as cotações. Por outro lado, lembra ele, a demanda chinesa segue forte, os prêmios no país permanecem positivos e os grandes fundos de investimento continuam com posições compradas na bolsa de Chicago.
– Por aqui, o mercado segue muito parado. A comercialização futura da soja foi pequena porque o produtor apostou em preços maiores – observa Toigo.
Indio Brasil dos Santos, da Solo Corretora, de Ijuí, avalia que, pelo lado da renda do produtor, o que pode ajudar é o alto rendimento esperado das lavouras, ajudadas pelo clima. Nas regiões produtoras, o saco de soja gira em torno de R$ 63, bem menos do que o calculado pelos agricultores, animados com níveis de preços alcançados ano passado.
– O produtor teve a chance de fixar preço em mais de R$ 80 e não quis, por acreditar que o valor poderia superar R$ 100 – diz Santos, lembrando ainda que o aumento do frete, pela menor disponibilidade de veículos este ano para transportar a safra, será outro fator a esmagar a rentabilidade do negócio.
No sentido inverso, a área de milho nos Estados Unidos vai minguar. A intenção inicial dos agricultores americanos é de cultivar 36,4 milhões de hectares, ante 38 milhões de hectares no ano passado.
De acordo com o boletim conjuntural da Emater divulgado nesta quinta-feira, as lavouras gaúchas até agora apresentam "excelente desenvolvimento e alto potencial produtivo, projetando aumento de produtividade e produção." Até agora, 13% da área foi colhida.
*Interino