Pouco mais de três meses após a retirada das retenções das exportações de grãos e carnes da Argentina, os primeiros reflexos começam a ser sentidos. Em fevereiro deste ano, a balança comercial argentina registrou superávit de US$ 98 milhões – quebrando uma sequência de três meses de resultados negativos. Produtos primários e manufaturados de origem agrícola puxaram as vendas externas – que vinham perdendo espaço desde 2008, quando o governo de Cristina Kirchner passou a taxar as exportações desses itens.
Conforme dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), o faturamento dos embarques cresceu 7% em fevereiro, na comparação com o mesmo período em 2015. Em volume exportado, o incremento foi de 25%. Os impactos do modelo pró-mercado adotado por Maurício Macri devem ficar ainda mais evidentes em março e abril – quando ganhará força a colheita de soja nas lavouras argentinas.
Em dezembro do ano passado, o presidente argentino zerou as tarifas de exportação de produtos como trigo, milho e carnes, que chegavam a pagar mais de 20% de impostos nas vendas externas.
A soja teve a taxa reduzida de 35% para 30%, com a promessa de baixa progressiva a cada ano até a eliminação total em 2022.
As importações argentinas também tiveram alta em fevereiro. O faturamento cresceu 1%, com alta de 17% no volume importado. Destaque para a compra de veículos, que aumentou 30% no mês. O Brasil é diretamente beneficiado, já que é o principal parceiro comercial da Argentina, ao lado da China. Os hermanos também sempre tiveram relações comerciais com o Rio Grande do Sul, especialmente na compra de máquinas agrícolas e na venda da produção de trigo.
Na semana passada, a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à Argentina reatou uma relação bilateral estremecida durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015). As ações tomadas por Macri, tanto no campo econômico quanto no político, deixam claro que os hermanos querem realinhar o país com as grandes potências – voltando a ser um dos principais concorrentes mundiais, especialmente na agropecuária.