Todo mês, levantamentos de safra renovam as esperanças ou consolidam as frustrações com o resultado das lavouras dos principais produtos do agronegócio brasileiro. Definitivos, mesmo, só os números após o término da colheita. Nos dados apresentados ontem por Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) duas semelhanças: a previsão de colheita para o país, por ora, recorde. Devem ser 210,5 milhões de toneladas segundo o primeiro, avanço de 1,4%. E 210,7 milhões de toneladas para o segundo, alta de 0,5%.
Conab trabalha com o ano-safra (2015-2016). IBGE organiza o mapeamento pelo ano-calendário. O crescimento do volume, em ambos casos, é tímido, e vem ancorado nas expectativas em relação à produção de soja.
Embora previsto, o rompimento da barreira das 100 milhões de toneladas de volume do grão pode esbarrar nos efeitos do El Niño. Centro-Oeste e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) sofrem com a falta de chuva. No Sul, é o excesso de umidade que pode comprometer os resultados esperados.
Nos apontamentos da Conab para o Rio Grande do Sul, o impacto da chuvarada sobre o arroz aparece de forma conservadora, se comparado aos do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A diferença dos números tem relação com o momento da coleta da informação. No órgão federal, refletem os últimos 10 dias de dezembro, quando as águas das enchentes ainda não haviam baixado.
– A sinalização é de recuo na produtividade, com impacto na produção – afirma Glauto Melo Lisboa Junior, superintendente regional da Conab.
Pelos indicativos postos, a colheita de grãos no RS deve encolher no atual ciclo. No levantamento da Conab, a redução estimada é de 3,6%, ficando o volume total em 30,51 milhões de toneladas.