Se fosse incluir uma encomenda para o agronegócio na lista de pedidos ao Papai Noel, o superintendente no Estado do Banco do Brasil, Edson Bündchen, sabe o que seria:
- Boas condições de tempo, que o clima ajude o setor. Porque competência e empreendedorismo já existe. Se São Pedro ajudar, as outras condições estão dadas.
Com o peso de quem tem 60% das operações de crédito do setor, o Banco do Brasil é uma referência nos financiamentos agrícolas.
Ainda sem orçamento para 2016 autorizado, Bündchen garante que o banco tem recursos captados para linhas de crédito e custeio - de janeiro até agora, os desembolsos somaram R$ 10 bilhões, um pouco aquém do esperado por conta da retração nas linhas de investimento. Mais do que isso: explica que o agronegócio será uma das sete frentes de trabalho da instituição.
O superintendente fala sobre desafios de 2015 e as oportunidades para o próximo período.
Como devem ser os financiamentos do agronegócio em 2016?
O que o banco construiu no agronegócio nos dá segurança de que estaremos novamente juntos em 2016, temos mais de 200 mil produtores atendidos ao ano. É óbvio que a gente prevê que haverá recursos. Teremos funding para linhas de financiamento e custeio. O setor está com a perspectiva de continuar a ser o grande parceiro, desponta como uma das alavancas. É uma das sete frente de trabalho do BB no próximo ano. Em 2015, houve pleno atendimento de todas as demandas. Só não atendemos mais, porque faltou demanda.
Qual o valor tomado em financiamentos via Banco do Brasil no Estado em 2015?
Foram desembolsados cerca de R$ 10 bilhões, um pouco aquém do esperado por conta das operações de investimentos.
Houve redução na tomada de crédito em 2015?
No Rio Grande do Sul, houve diminuição entre 40% e 45% no apetite nas operações de investimento (de janeiro a dezembro). O custeio cresceu 1% e a comercialização, 50%. A carteira do agro (o saldo das operações) cresceu 4,5%. É inferior ao ritmo dos anos anteriores, quando se teve avanços entre 15% e 20%. É importante lembrar que 80% dos recursos de crédito são do banco. Apenas cerca de 20% vem do Tesouro. Outro ponto significativo é que na carteira do agro 80% das contratações foram feitas com mitigadores de risco (como o seguro rural).
Muitos produtores reclamaram do ritmo da liberação dos financiamentos...
O banco colocou a agilidade como um dos valores. Aqui e acolá há situações em que o cliente reclama da demora. No caso do custeio, temos uma boa velocidade, cinco, seis dias, no máximo uma semana.Quando ultrapassa o período, procuramos nos ajustar. As operações de investimento têm características diferentes. Em muitas vezes dependem de projeto, de licenciamento ambiental. Criamos a Esteira Agro ( canal online para análise de crédito, com as informações caindo direto em uma central de contratação).
O banco ficou mais exigente quantos às garantias de crédito? O contingenciamento de recursos do BNDES nas linhas do Finame atrapalhou?
Continuamos com a política de crédito adequada, com análise de risco segregada. Acho que a redução nas linhas de investimento foi mais uma decisão do produtor. É natural, depois de um ciclo de crescimento, um arrefecimento. Isso não reflete ausência de recursos. Se faltasse da linha A, tínhamos a alternativa B. Há ainda os programas estruturantes do agronegócio, como os financiamentos da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e Construção e Ampliação de Armazém (PCA). São projetos de 15, 20 anos, com prazo de maturação, têm um ritmo um pouco mais lento. A decolagem e a maturação estão dentro de uma lógica de transformação do setor.
Em ano de crise, com ajuste de contas, o senhor acha que existe espaço para o produtor apostar nesses projetos de longo prazo?
As condições estão dadas, a agricultura precisa investir cada vez mais em conhecimento, tecnologia e gestão, para se tornar cada vez mais competitiva.
Produtores de arroz afirmam que a falta de crédito para o pré-custeio das lavouras terá impacto significativo sobre os resultados...
Durante três anos seguidos, tivemos recursos para o pré-custeio. Neste ano, não. Construímos, em parceria com entidades como a Farsul e a Federarroz, alternativas, como o alongamento do vencimento das operações de financiamento e a liberação de recursos para a comercialização.
Pela representatividade, o Banco do Brasil tem papel importante no crédito colocado à disposição nas feiras do setor. Há previsão de quanto será liberado na Expodireto e Expointer?
No próximo ano, o BB comemora cem anos da chegada ao Estado. Mês a mês, teremos uma série de eventos. Usaremos o mote do centenário para reforçar ainda mais a presença em feiras. As linhas estarão abertas. Falar de montante agora, o que posso dizer é que, se olharmos para trás, há boas perspectivas.