O maior foco do acordo entre Mercosul e União Europeia é no comércio exterior, ou seja, importação e exportação. O texto prevê que 91% das importações de produtos europeus fiquem livres de taxações e que fornecedores de bens e serviços sejam tratados como domésticos.
O consumidor gaúcho tem perguntado o que comprará mais barato. Produtos agropecuários tendem a ter os reflexos mais visíveis. Aqui, falamos de queijos, azeite de oliva, vinhos, cervejas e até mesmo frutas, entre outros alimentos. Os europeus são grandes produtores destes itens, com fama mundial e desejo de consumo pelo brasileiro.
Sem tarifas ou com alíquotas mais baixas, chegarão aqui com preços menores, o que tende a ser repassado à prateleira. Não necessariamente serão mais baratos do que os brasileiros ou seus concorrentes do próprio Mercosul. A logística, ou seja, o transporte do produto pesa no preço final. Ao contrário da China, a União Europeia não tem um custo baixo de produção.
Além de alimentos, imagina-se que a importação de carros europeus será beneficiada, em um momento no qual os chineses entram com força no mercado brasileiro, especialmente com modelos elétricos. "Ah, mas a União Europeia aposta nos de alto padrão", diriam. A China também, pessoal. Já passou o tempo no qual os chineses só faziam produtos de segunda e terceira linha.
Presidente da Federação das Associações Gaúchas de Varejo (FAGV), Vilson Noer cita ainda eletroeletrônicos, dada a dificuldade que tem sido trazer da Zona Franca de Manaus pelo impacto da seca no Amazonas na logística. Também cogita aumento da importação de confecções, embora a China esteja um tanto imbatível nesta seara.
Efeito rebote
Em tempo, o Brasil também exportará mais. Grãos e carnes estão no topo dos itens que os produtores querem vender mais aos europeus, consumidores maduros, exigentes e de alto poder aquisitivo. Não se sabe se puxarão os embarques que já enviamos para outros países, se produziremos mais ou se serão "concorrentes" do que hoje é comprado pelos próprios brasileiros. Ou seja, dependendo de como for, há sim um risco de a exportação provoque uma alta de preços aqui dentro, o que será evitado se a cadeia econômica preparar-se para ter mais produtos a oferecer, considerando o novo mercado.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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