Semana agitadíssima para uma reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Tem nada mais nada menos do que a eleição na maior economia do mundo, que tem a moeda mais forte e que influencia direta e intensamente sobre a inflação brasileira, fator que a autoridade monetária daqui tem exatamente a função de controlar com a taxa de juro Selic. Ela está em 10,75%. A aposta geral é de que nesta quarta-feira o Banco Central vá elevá-la em 0,5 ponto percentual, mas até quanto e em qual intensidade será este ciclo de aperto monetário? Na reunião de setembro, o Copom elevou a Selic pela primeira vez em mais de dois anos.
Enquanto isso, o Federal Reserve – o FED, banco central norte-americano – cortou recentemente o juro pela primeira vez após elevações também para conter a inflação, que tem como origem a injeção de dinheiro na economia durante a pandemia. Entre o temor que vai e vem de uma recessão na economia americana e de uma nova alta de preços, está difícil prever o rumo do FED. Tanto Donald Trump quanto Kamala Harris apresentaram promessas inflacionárias, como taxação de importações, no caso do republicano, e elevação de gastos sociais, previstos pela democrata.
Alta da inflação eleva juro nos Estados Unidos, pressionando preços no Brasil e exigindo uma Selic maior para atrair dólares a investimentos daqui. Mas o que mais está pesando na decisão do Copom são as contas públicas brasileiras. O ideal seria que o pacote que vem sendo negociado entre o presidente Lula e os ministérios fosse anunciado logo para que o juro brasileiro fosse decidido com um pouco mais de previsibilidade fiscal.
Onde serão os cortes? Será que vão mesmo ocorrer e serão efetivos? É preciso convencer o mercado se a ideia é conter o dólar. O investidor quer corte de gastos sociais? Não é isso. Quer é equilíbrio de contas para ter segurança para seu dinheiro (ou dos seus clientes) e não encarar ali na frente um aumento de impostos para elevar receita e cobrir custos, que acabará travando a economia na qual ele resolveu apostar. Em tempo, alta de inflação e de impostos também impacta mais os mais pobres, que menos conseguem proteger a renda e articular contra tributações.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: Novos trechos da Orla, súper raiz de SC, recuperação judicial no turismo e fechamento da Multisom
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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