Instalado em um pavilhão com foco em energia, o Rio Grande do Sul é o único Estado brasileiro com um estande próprio na Exposição Internacional da Cadeia de Suprimentos da China (China International Supply Chain Expo - Cisce) aqui em Pequim. O governador Eduardo Leite estava na abertura oficial do espaço junto com a comitiva do Rio Grande do Sul que veio na missão à Ásia.
Esta segunda edição da Cisce tem 600 expositores, um crescimento de 20% sobre o ano passado, quando começou a ser realizada. O curioso é que a maior parte dos participantes estrangeiros é dos Estados Unidos, cujo presidente eleito, Donald Trump, ameaça sobretaxar a importação de produtos chineses. Entre as empresas, estão Apple e Tesla. Qual o efeito disso no Brasil? Depende. De um lado, pode elevar a inflação norte-americana, provocar aumento de juro e subir o dólar, o que pressiona a inflação e o juro brasileiros para cima. De outro lado, pode atrair mais ainda a China para o mercado brasileiro em substituição ao norte-americano como parceiro de negócios.
Das exportações gaúchas em 2024 até outubro, a China comprou 25,6%. É o principal destino ainda, mas já respondeu por mais de 40% dos embarques. Já nas importações, 15,8% são de produtos chineses, que ficam em segundo lugar, atrás apenas da Argentina (22%).
Sequelas da pandemia
A parceria comercial da China com o Rio Grande do Sul e com o mundo já foi maior. Além da desaceleração econômica atual do país (mesmo que ainda cresça quase 5% em 2024), o gargalo logístico gigante da pandemia ainda tem suas sequelas. A política de covid zero fechou portos chineses, provocando filas de navios pelo mundo, levando à falta de produtos e insumos, com a consequente alta de preços.
Países começaram a discutir o quanto deveriam depender de fornecedores chineses e aqueles com maior bala na agulha começaram a reindustrializar algumas cadeias produtivas. Isso esteve nas entrelinhas, claro, nos discursos de abertura da feira Cisce. A China se coloca como apoiadora do crescimento global, ou seja, ainda busca retomada da confiança. Tem usado muito a expressão "win-win", que significa "ganha-ganha". Caso contrário, prevê alta de custos das empresas, redução de eficiência e atraso de desenvolvimento. Na esteira, se criticou a divisão global entre ocidente e oriente, referindo-se à postura protecionista (ou de defesa comercial, a depender do gosto do interlocutor) dos Estados Unidos em relação à China. Em tempo, estamos falando nada mais nada menos do que uma disputa econômica entre, respectivamente, a maior e a segunda maior economia do mundo.
A coluna faz a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora e RBS TV. Acompanhe aqui o que é publicado em GZH.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: novo atacarejo de SC aqui, reforma do Gigantinho, carro elétrico chinês e loja com marcas do Interior
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna