Gaúcho de Santiago que mora há duas décadas na China, Thomaz Machado comanda a consultoria de investimento ChinaInvest. Ele se encontrou com a comitiva gaúcha em Shenzhen, polo tecnológico chinês. Confira a entrevista:
Quais as oportunidades do momento da China para o Rio Grande do Sul?
O mais importante é enxergarmos um país que era nada na década de 1980 para trás e hoje é a segunda maior economia do mundo. Em 1986, o Brasil tinha o mesmo PIB que a China. Hoje, a China tem o PIB sete vezes maior do que o Brasil. Então, tem que entender qual é a fórmula e usar como exemplo.
Embora seja a segunda maior do mundo, a economia da China está desacelerando. Como isso atinge a relação comercial com Brasil e Rio Grande do Sul?
Isso só favorece o Brasil ou o Rio Grande do Sul. Com as portas fechando com Estados Unidos (o presidente eleito Donald Trump quer taxar importações da China) e Europa criando dificuldades para a China cada vez mais, existe uma possibilidade maior de o Brasil crescer nesse mercado, principalmente os chineses enxergando possibilidade de desenvolver determinados produtos em cooperação. Ou seja, parte do processo de fabricação na China, parte no Brasil e exportando para os Estados Unidos como Made in Brazil (feito no Brasil) e não como Made in China (feito na China).
Quais setores gaúchos têm mais chances?
Tem muitas coisas. O setor primário é bastante importante. O Rio Grande do Sul pode fornecer mais para a China. No segundo momento, acho que tecnologia. No setor agrícola, máquinas e implementos agrícolas do Rio Grande do Sul são fortes e poderiam agregar novas tecnologias que os chineses estão desenvolvendo. Não penso no Rio Grande do Sul ou o Brasil desenvolver algo direto para vender para China e China simplesmente vender para o Brasil. Acho que o momento do mundo hoje é de cooperação. Chineses entram com tecnologia e capital, brasileiros entram com o que já têm.
Quais as barreiras para os negócios hoje?
Tem idioma, fuso horário, maneira de pensar completamente diferente. Mas se fosse tudo fácil, não existia oportunidade nenhuma. O Rio Grande do Sul têm vários países próximos, mão de obra especializada e produtos de boa qualidade.
Qual o primeiro passo para desvendar esse mercado?
Tem que vir para conhecer melhor a China, participar de missões e de feiras. Se relacionar de forma constante com empresas chinesas, não apenas de uma visita.
Ouça a íntegra da entrevista no podcast Nossa Economia, de GZH.
No Spotify:
No Soundcloud:
A coluna faz a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora e RBS TV. Acompanhe aqui o que é publicado em GZH.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: novo atacarejo de SC aqui, reforma do Gigantinho, carro elétrico chinês e loja com marcas do Interior
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna