Com contratos de financiamento de imóveis travados e reduzindo o teto para emprestar, a Caixa Econômica Federal (CEF) diz estar procurando "novas soluções" para expandir o crédito imobiliário. Na nota, acrescenta estar participando de discussões sobre o assunto com o mercado e o governo federal. O problema é falta de "funding", ou seja, dinheiro para emprestar, pois as principais fontes, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e poupança, estão com menos recursos pelo aumento dos saques.
No horizonte para um custo menor, especula-se uma nova linha de crédito por parte do governo federal. Uma redução nos depósitos compulsórios pelo Banco Central também é alternativa levantada no setor financeiro. Além disso, o Ministério do Trabalho pretende acabar com o saque-aniversário do FGTS, mandando ao Congresso em novembro um projeto de lei com este objetivo.
Ainda em junho, em um evento do setor imobiliário, a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, alertou para "um certo esgotamento" de recursos. Na época, se falou sobre atrair investidores para Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que bancam parte do financiamento habitacional. O dinheiro, porém, é mais caro, assim como a alternativa negociada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) de usar dinheiro da tesouraria da Caixa.
Teto mais baixo
Em mais uma medida por falta de recursos financeiros, a Caixa Econômica Federal reduzirá o valor do empréstimo em financiamentos imobiliários pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Os novos parâmetros começam a valer no dia 21, conforme comunicado enviado a profissionais do setor. A alteração mexe em empréstimos reajustados por TR (taxa referencial), poupança, IPCA e taxa fixa, valendo tanto para imóveis residenciais novos e usados, quanto para comerciais, construção individual e lote urbanizado.
Na tabela Sistema de Amortização Constante (SAC) - prestação começa mais alta, mas diminui ao longo do tempo -, a cota de financiamento cairá de 80% para 70% do imóvel. Na Price - parcelas iguais, mas com valor final maior de juro -, a redução é de 70% para 50%.
A Caixa concentra 68% do crédito imobiliário no país. A coluna tem recebido dezenas de reclamações de atrasos na aprovação, assinatura e liberação de crédito para compra da casa própria, inclusive com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com a falta de "funding", o banco público tem limitado também o valor financiado para construtoras fazerem novos projetos. A saída tem sido migrar para outras instituições financeiras, que, porém, têm recursos "mais caros", o que impacta o consumidor na ponta. Além disso, o setor também sente o aumento da taxa de juro Selic, que voltou a ser feito pelo Banco Central.
Colaborou Kyane Sutelo
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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