Chega a quase R$ 577,6 milhões a estimativa atual de perdas nos negócios atingidos pela enchente no Vale do Taquari. O levantamento ouviu 1.291 empresas, sendo que 94% disseram ter sofrido impacto. Roca Sales e Muçum, as cidades mais devastadas pela tragédia, também foram as que registraram mais negócios com prejuízo proporcionalmente ao total de empresas que têm. A cifra, porém, vai aumentar bastante. Ainda estão sendo consultadas empresas grandes, que estão finalizando seus indicadores.
- O diagnóstico é essencial para se ir atrás do que realmente as empresas precisam - diz o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC Vale do Taquari), Ivandro Rosa.
Do total de atingidas, a maior parte (44%) é do varejo. Em segundo lugar, aparecem serviços (41%), e, depois, indústria (15%). É importante observar que este dado trata da quantidade, não do porte. Em geral, o setor industrial abrange empresas maiores. A maior parte da cifra do prejuízo fica entre as empresas de maior porte, mesmo que sejam menos negócios.
O tamanho do prejuízo assusta. Dos entrevistados, 23% tiveram perda total, enquanto 37% tiveram de 51% a 90% do negócio comprometido. Apenas quatro em cada 10 tiveram perdas de até 50%, o que ainda pode ser um prejuízo bastante grande. Preocupa mais ainda o dado de que 70% deles não tinham seguro.
- Tem empresas que foram arrasadas, especialmente em Roca Sales e Muçum - complementa Rosa.
De todos, 744 precisarão fazer obra para recuperar a estrutura física. O número é maior, 880, dos que relatam necessidade de reposição de estoque. E é ainda mais impactante, 897, dos que precisarão consertar ou comprar máquinas. Quando se fala em necessidade de novos móveis, sobe para 943.
O crédito é um dilema. Enquanto muitos terão que tomar novos financiamentos, vários terão que lidar com os que já tinham. Praticamente metade dos entrevistados terá que adiar pagamentos de empréstimos e fornecedores. Um terço relata dificuldade de quitar a folha de funcionários, mas mais ainda, 485 empresários, dizem que terão que postergar o pagamento de tributos.
Apenas um terço já retomou as atividades. Outros precisarão de 15 a até mais de 30 dias. E ainda há 16% que não sabe quando o negócio poderá retornar. O levantamento foi feito em parceria entre CIC Vale do Taquari, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Junta Comercial, Industrial e de Serviços e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do RS (Sebrae RS).
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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