Após voltar a crescer, a fatia de famílias endividadas bateu recorde em Porto Alegre, atingindo 96,6%. É o maior percentual desde abril de 2022. A pesquisa começou a ser feita em 2010 pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS).
O avanço requer atenção, mas não necessariamente é uma má notícia. Isso porque a mesma pesquisa apontou queda no percentual de famílias que relataram estar “muito endividadas” (29,2%) e das que têm contas em atraso (39,7%), ou seja, quando o endividamento vira inadimplência. O tempo médio de não pagamento (36,4 dias) também caiu.
- Muitas pessoas possuem dívidas para dar grandes passos na sua vida. A maior parte compra, por exemplo, o seu imóvel através do financiamento imobiliário, que é uma forma de fazer dívida - exemplificou a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Patrícia também vê na pesquisa sinais de melhora na qualidade do endividamento. Lembrando que as pessoas, quando a inflação estava muito alta, buscavam empréstimo - como o cheque especial - para comprar comida e pagar despesas básicas da casa, o que desembocou em inadimplência recorde. Agora, é possível que a alta do endividamento ocorra exatamente porque elas voltaram a ter acesso ao crédito, com a redução do juro. É importante, porém, que o juro continue caindo e que o mercado de trabalho mantenha-se resiliente para que as famílias sigam conseguindo pagar suas dívidas.
Assista à entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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