O jornalista Tércio Saccol colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
A indústria, um dos setores que aguardava com mais expectativas o início da queda da taxa de juros, aposta na continuidade da diminuição para incrementar a produção do setor no segundo semestre. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu, pela primeira vez, desde agosto de 2022 a taxa para 13,25% nesta quarta-feira (2).
No comunicado, se destaca que "o Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".
Entre os diretores, cinco votaram pelo corte de 0,5 ponto porcentual, entre eles o presidente do BC, Roberto Campos Neto, criticado pelo presidente Lula. Outros quatro deliberaram pelo corte de 0,25%. A projeção é de seguimento dos cortes. "Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", diz o comunicado.
Em nota, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) destacou que "Isso só foi possível devido à continuidade do processo de desinflação e uma série de fatores internos que impulsionaram a queda das expectativas de inflação, como a manutenção das suas metas e a aprovação da Reforma Tributária na Câmara". No ano, o recuo de produtividade da indústria é de 0,3%, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O patamar do segmento ainda está 1,4% abaixo de antes da pandemia.
No RS, o primeiro trimestre do segmento foi o pior em oito anos. Com o corte de 0,50 anunciado nesta quarta-feira (2) pelo Banco Central, a estimativa de que haja uma retomada gradual no acesso ao crédito e do estímulo à diminuição da inadimplência entre empresas e consumidores, uma espécie de início da retomada. O professor de economia da UFRGS, Marcelo Portugal, analisa que, embora seja relevante, o corte na Selic sozinho tem efeito reduzido:
— Se fizermos um gráfico da produção industrial de 2015 até agora, veremos que o nível de produção praticamente não cresce. Além dos juros, há um problema de competitividade, e isso envolve se especializar em algumas coisas, admitir importar outras. Além disso, mais importante do que o corte é onde vai parar, para onde vai a taxa no final do ano — analisa.
Uma pesquisa publicada no final de julho da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que 52% das empresas da indústria que contrataram empréstimos estão com parcelas atrasadas e esperam endividamento neste segundo semestre. A taxa de juros em queda contribui para reverter esse cenário, sobretudo .
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna