Mais um investidor estrangeiro reforçará o interesse em apostar no Rio Grande do Sul para gerar energia eólica instalando aerogeradores no mar, o que é chamado de offshore. Um memorando de investimentos será assinado em evento na semana que vem em Porto Alegre. Será com a Corio Generation, do Reino Unido, que é de um fundo de investimentos australiano e que já tinha manifestado, ainda no ano passado, a intenção de ter parques eólicos no litoral gaúcho, no capixaba e no cearense. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Estado (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, a intenção é concretizar mais um aporte bilionário.
— São grandes grupos multinacionais que estão chegando e fechando memorandos de entendimento — disse o executivo em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Sari detalhou que o Corio está com três projetos previstos para o Rio Grande do Sul, com uma capacidade de investimento de R$ 120 bilhões. Já há documentação no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sob o nome Geradora Eólica Brigadeiro. Os empreendimentos são feitos em parceria com a brasileira Servtec, por meio de uma joint venture.
— Eles já têm uma visão de que o Rio Grande do Sul pode ser, realmente, um grande Estado em destaque no offshore no Brasil — acrescenta o presidente do Sindiegergia-RS.
Veja os projetos do grupo em licenciamento no Ibama:
Guarita Offshore (RS-06)
112 aerogeradores, 1.680 megawatts de potência instalada
Cassino Offshore (RS-07)
128 aerogeradores, 1.920 megawatts de potência instalada
Rio Grande Offshore (RS-08)
80 aerogeradores, 1.200 megawatts de potência instalada
Licenças para o RS
Há 22 projetos de geração de energia eólica offshore solicitando licenciamento no Ibama para instalação no Rio Grande do Sul. O regulamento, no entanto, ainda tramita no Congresso Nacional. As empresas, no caso, estão se adiantando. Aqui no Estado, há a ideia de permitir a instalação na Lagoa dos Patos, mas precisa mudar o zoneamento ambiental.
Recentemente, a Petrobras assinou uma carta de intenções com a gigante norueguesa Equinor para ampliar os estudos de projetos de usinas eólicas offshore — instaladas fora da costa, em alto-mar, onde costuma haver maior incidência de vento, além de permitir equipamentos maiores. Dos dois parques que já estavam com projetos em análise na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo desde 2018 pela parceria, agora serão sete, inclusive em águas gaúchas.
Aqui no Rio Grande do Sul, as duas companhias vão avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental para dois parques eólicos no mar, que somam 300 aerogeradores. Um deles, chamado de Atobá, fica no mar entre Santa Vitória do Palmar e Pelotas. O segundo parque leva o nome de Ibituassu. Ele está previsto para ser instalado no mar próximo a Xangri-Lá. São 134 aerogeradores, com potencia total de 2,01 gigawatts.
A energia eólica offshore seria a principal fonte para produção de hidrogênio verde. O combustível poderia ser exportado, principalmente para a Europa, que quer depender cada vez menos do gás da Rússia e acelera a sua transição energética.
Ouça a entrevista na íntegra:
E também o podcast Nossa Economia, de GZH, sobre o assunto:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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