O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
O Rio Grande do Sul fechou o primeiro semestre do ano com uma queda de 10,55% na venda de veículos em relação ao mesmo período do ano passado. É o triplo da média nacional, que caiu 3,02% nos seis primeiros meses do ano. Os dados são do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Sul (Sincodiv-RS).
Os recuos mais intensos foram registrados pelos comerciais leves (-25,85%) e por implementos rodoviários (-24,67%), dois segmentos que estão diretamente ligados a atividades econômicas, como fretes e transporte de passageiros. A venda de automóveis teve a terceira maior queda, de 16,42%. Se considerar uma média entre carros leves e de passeio, as vendam caíram 18,37%.
— O nosso sistema de produção e de venda de veículos está muito ligado a condição econômica. O aumento de taxa de juros, a crise de suplemento e logística mundial, que envolve também a guerra na Ucrânia, o próprio petróleo - porque 30% do carro é composto de plástico -, e o fato de estarmos em um ano importante na política brasileira, tudo isso impacta com força o mercado automotivo — comenta Paulo Siqueira, presidente do Sincodiv-RS, em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Há, ainda, o impacto da inflação na renda dos consumidores e do próprio preço dos veículos e dos combustíveis. Com gasolina e diesel mais caros, aumentou a procura por motocicletas, que além de serem mais baratas, também costumam ser mais econômicas. No primeiro semestre, foram 15,5 mil emplacamentos de veículos de duas rodas, 18,48% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Além de motos, o outro único segmento com crescimento de vendas no Estado no primeiro semestre foi o de ônibus. No Rio Grande do Sul, venderam 362 unidades até junho, um crescimento de 27,46% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
— Esse aumento se dá em relação a uma base comparativa muito baixa do ano passado, porque o Rio Grande do Sul iniciou uma reação de vendas de ônibus mais tarde. Mas quando começou a ter retorno das atividades turísticas, viagens, esse mercado respondeu com crescimentos bem expressivos. Mas a tendência é que, ao longo do ano, isso se estabilize, até por conta da paralisação de programas de governo, reflexo de taxa de juros e inflação—explica Siqueira.
Veja as porcentagens de aumento e queda de vendas no Estado no primeiro semestre por segmento, em relação ao mesmo período do ano passado:
- Automóveis para passeio: -16,42%
- Comercial leves: -25,85%
- Caminhões: -3,77%
- Ônibus: 27,46%
- Motos: 18,48%
- Implementos rodoviários: -24,67%
No ranking de vendas por Estados, o Rio Grande do Sul também vem caindo, passando de 5º lugar em 2019 para 8º posição agora.
— A razão que entendemos ser de maior influência nesse cenário era a relação tributária de ICMS que tinha nos veículos, uma vez que os excedentes da substituição tributária não eram devolvidos às concessionárias. Soma-se isso também alguns elementos de insumos no Estado e taxas. A gente quer crer que isso tenha corrigido a partir do final do ano passado, com a publicação de um decreto que corrige essas circunstâncias.
E para o fechamento do ano?
O preço dos carros tem crescido desde o início da pandemia. De acordo com o IPCA, índice oficial de inflação no Brasil, na região metropolitana de Porto Alegre, a alta média foi de 18,13% para o automóvel novo. E como ficarão para os próximos meses?
— É difícil responder quais as expectativas para o fechamento comercial do ano, considerando as incertezas atuais, como inflação, juros, produção e preços, e até mesmo cenário político interno e mundial. De acordo com todos fatores, nossa expectativa é repetir os números próximos de 2021, mas certamente os preços continuarão pressionados pela baixa oferta, tanto no mercado de zero quilômetro e inclusive no mercado de veículos usados.
Mais emplacamentos
O Sincodiv também faz o levantamento de quais as cidades gaúchas que mais emplacaram carros em junho. Veja a lista:
- Porto Alegre: 1.551
- Caxias do Sul: 273
- Santa Cruz do Sul: 265
- Canoas: 215
- Novo Hamburgo: 174
- Pelotas: 169
- Santa Maria: 164
- Passo Fundo: 140
- Bento Gonçalves: 139
- Gravataí: 91
Ouça também no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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