Um furto de celular repercutiu muito nas redes sociais na última semana. O agente de talentos Bruno de Paulo estava mexendo no seu aparelho dentro de um táxi em São Paulo com a janela aberta, quando ladrões passaram e furtaram o equipamento. Como a tela estava desbloqueada, os criminosos conseguiram acessar as contas bancárias e movimentaram, de acordo com o empresário, R$ 143 mil. Além disso, Bruno também relatou que teve muita dificuldade em conseguir o reembolso com as instituições financeiras.
"É óbvio que foi fraude, por que não solucionam rápido? Por que não reembolsam? Eu tô sem acesso às minhas contas e ao meu dinheiro. Preciso pagar contas, voltar ao normal. E nada. Nunca vivi uma situação tão desesperadora, e não sei mais o que fazer. Por isso, vim desabafar aqui", disse ele em uma rede social.
A história viralizou. Mais de 50 mil pessoas compartilharam o relato de Bruno, muitos falando sobre as inseguranças de usar aplicativos de bancos, cooperativas de crédito e fintechs nos celulares. Para Rodrigoh Henriques, líder de inovação da Federação Nacional das Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) e coordenador do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, o Lift Lab, as tecnologias usadas pelas instituições financeiras são seguras, mas há problemas estruturais na sociedade que exigem que haja ainda mais segurança nos aplicativos.
— A tecnologia é completamente segura, a mais segura possível. A pergunta que temos que nos fazer é: "A sociedade é segura? O país é seguro? Onde vou passar é seguro?" — fala Henriques.
Por conta disso, a coluna, com ajuda do especialista, separou algumas dicas de segurança digital para quem usa aplicativos bancários nos celulares. Confira:
1) "O celular é sua carteira"
Antes de mais nada, é preciso ter em mente que, atualmente, o celular que carregamos é a nossa carteira. E, se no passado, saíamos de casa com algumas notas de reais, agora vamos à rua com todo o dinheiro que temos no banco. Uma dica, de acordo com Henriques, é escolher uma única instituição financeira para manter no dispositivo móvel.
— Eu escolho uma instituição, deixo ela no meu celular, e deixo liberado para acesso o valor do dia a dia, que depende de cada pessoa. E o resto? Deixa no laptop. Você continua tendo uma vida digital, mas o resto você acessa quando estiver no computador, em casa.
Além disso, é possível criar conta em mais de uma instituição financeira, e usar uma empresa só para guardar dinheiro em casa, e outra para deixar no celular, com um valor menor disponível.
2) Cadastre as pessoas com antecedência
Um recurso rápido e efetivo é cadastrar, com antecedência, aquelas pessoas com quem você costuma fazer transferências, como uma filha, um pai, um funcionário ou fornecedores. Com isso, você pode alertar à instituição financeira que, para essas pessoas, estão liberadas transferências de alto valor e. para outras, é preciso consultar ou bloquear antes.
3) Fique de olho no seu e-mail
Em alguns casos, o ladrão consegue acesso ao celular, mas não à conta, porque não tem a senha. Por isso, é importante que o e-mail que você usa para recuperar a senha não esteja logado no mesmo celular onde estão seus aplicativos. Uma dica é criar uma conta de e-mail específica, que você só consegue acessar de casa ou fazendo o login manualmente toda vez que for usar.
4) Recursos de bloqueio
Utilize todos os recursos de bloqueio que seu celular oferece. Dependendo do modelo, pode ter reconhecimento facial ou digital. Em alguns casos, é possível configurar para que, toda vez que o aplicativo for aberto, ative o mecanismo de reconhecimento.
— Você tem uma escolha a fazer: facilitar 100% sua vida, e 100% a do ladrão. Ou facilitar só 99% da sua vida, e deixar a vida do ladrão só 1% fácil. Configura seu aplicativo para pedir sua senha, digital, toda vez que você entra. Isso vai atrasar um pouco tua vida, alguns segundos, mas vai dificultar bastante para o ladrão.
5) Escolha com sabedoria
A forte concorrência ente instituições financeiras permite que tenhamos um leque maior de escolhas na hora de abrir uma conta. Por isso, muitas estão de olho em critérios de segurança para atrair o cliente. Como consumidor, pesquise sobre como cada empresa lida com essas questões e tenha esse critério como um dos primordiais na hora de escolher onde colocar seu dinheiro. Mas aqui vai outro apontamento interessante: se você escolher uma empresa e não gostar de como ela lida com a segurança, você pode trocar facilmente. Esse é um benefício da digitalização.
6) Atendimento humanizado
No caso do Bruno, contado no início dessa coluna, houve muita dificuldade para falar com funcionários das instituições financeiras. Ele reclamou que só "robôs" o atendiam. Assim, é interessante você escolher instituições financeiras que facilitem sua vida: que tenham inteligência artificial para dúvidas mais básicas, mas que também tenham funcionários preparados caso algum problema maior acontecer.
7) Celular reserva
Se você tiver um celular antigo, que trocou e não vendeu, por exemplo, pode usá-lo como um equipamento extra. Assim, quando for sair, pode usar o celular reserva, com menos aplicativos e dinheiro dentro.
E o que fazer se você tiver dinheiro roubado?
Acima, a coluna listou dicas para impedir que o dinheiro seja movimentado criminalmente. Mas o que fazer se o roubo acontecer? De acordo com Henriques, o primeiro passo é abrir um boletim de ocorrência.
— Parte da sua identidade digital está no seu celular. Se você não disser que foi roubado, as empresas partem do pressuposto tudo que aconteceu ali foi você que fez. A partir do boletim de ocorrência, você leva sua informação para instituição financeira. Aí, ela vai comprovar isso e reverte o que aconteceu.
Se a instituição financeira disser que não vai reverter, você consegue abrir um chamado no Banco Central, que vai cobrar as empresas e te auxiliar no processo de recuperação do valor. No caso de Bruno, após uma semana de tentativas, os bancos falaram que iriam reverter as transações desconhecidas.
Leia o relato completo do Bruno:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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