Maior construtora do país, a MRV lançará 10 novos empreendimentos para o Rio Grande do Sul em 2022, o que gerará 3,5 mil novas unidades habitacionais e mil novos empregos para as obras. O Estado já representa 10% do volume de negócios da companhia, que tem sede em Minas Gerais. O programa Acerto de Contas (domingo, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com Marcello Rosito, gestor comercial da MRV no Rio Grande do Sul, para saber das novidades da empresa e um balanço dos desafios de 2021 (e de 2022). Confira:
Vamos fazer um balanço da MRV em 2021. O que tivemos de lançamento de empreendimentos no Estado? Como foram as vendas?
A gente teve um primeiro semestre muito bom de comercialização, mas, no segundo semestre, sofreu um pouco com a queda e retração do mercado, muito em função dos aumentos das nossas matérias-primas, como cimento e aço. Essa pressão de custo fez com que a gente tivesse que repassar alguma coisa para nosso consumidor, e deu uma certa retraída. O mercado diminuiu o volume, o que faz com que a gente acabe o ano com praticamente o mesmo volume de vendas do ano passado.
O que é um comportamento setorial, né?
Totalmente. E muito abrupto. Pessoas que estão no mercado há mais tempo que eu dizendo que nunca viram um aumento de matéria-prima tão forte em tão curto espaço de tempo. Só que a companhia foi por um caminho diferente. A gente optou por continuar lançando, em diversificar o nosso mix de produtos para o consumidor para colocar mais produtos no mercado e tentar atrair pessoas com rendas diferentes. Então, a gente continuou nosso planejamento e até antecipou alguns lançamentos em função disso.
Veja a entrevista completa em vídeo:
Para ter mais opções para manter o cliente perto?
Mais opções para manter o cliente perto, para ele poder escolher, para poder comparar. A gente vê que poucas construtoras tiveram lançamentos no segundo semestre. Principalmente no programa Casa Verde e Amarela, e a gente fez bastante lançamento. Este ano, no Rio Grande do Sul, lançamos nove empreendimentos, quase 3 mil unidades, mais do que o dobro do ano passado. Então, mesmo com o cenário duro, a gente optou por diversificar para trazer o cliente para dentro da nossa loja.
E o online continuou forte?
Continuou forte. Hoje, eu diria que 99% dos nossos contratos são todos online. O cliente recebe o contrato em casa, assina digitalmente. Só em alguns casos específicos que ainda fazemos contratos físicos.
Isso veio para ficar, né?
Totalmente. E a pandemia acelerou isso. Nosso plano era colocar em 2021, começou com um teste em Belo Horizonte, e, na pandemia, a gente acelerou de uma tal maneira que hoje já é uma realidade, não tem volta.
Apesar de vocês diversificarem, a marca da MRV é habitação popular, que tem uma margem menor para tentar driblar a alta de custos sem repassar para a ponta final. Não só a MRV, mas todas as empresas que trabalham no segmento enfrentaram isso neste ano. Como vocês estão em relação às margens das unidades?
Realmente, é muito mais apertada, e com esse aumento que não conseguimos repassar de maneira livre, porque tem um teto do mercado, a gente tem que fazer algumas escolhas. Então, diminuímos um pouco da velocidade de venda de alguns empreendimentos para repassar o preço. Como a gente tem 25 empreendimentos no Rio Grande do Sul, conseguimos jogar. Um que está dando margem maior, aceleramos a venda. A gente estabiliza em uma margem mínima, mas eu diria que o nosso grande impacto foi entre julho e agosto, quando tivemos um grande aumento de preço, que repassamos, e até o mercado e nossa equipe entender, a gente achar esse cliente... Porque são dois momentos que acontecem. No momento que a gente aumenta o preço, a gente já perde uma fatia do mercado por si só. Se continuasse com o mesmo poder de compra. Mas não foi só isso. A gente teve aumento de preço, teve inflação, diminuição do poder de compra do consumidor.
Até porque a inflação não é uma inflação de vocês. Nem do setor. É uma inflação no geral, que acaba comprometendo a renda. O mesmo problema que vocês enfrentam, o supermercado está enfrentando, a loja de compras está enfrentando, que é o consumidor com menos renda para gastar, apesar de continuar querendo a casa própria.
É, e a gente vê isso. A gente está tendo agora um aumento de procura e de vendas de novo nesse último bimestre, pode ser uma reação. Mas outras coisas ocorreram também. O limite do programa aumentou, o governo aumentou as avaliações. Então, vemos isso como um ponto positivo.
E no ano passado, apesar da alta dos materiais de construção já terem acontecido em 2020, se tinha um juro baixíssimo, e acaba compensando na hora do crédito para continuar que a parcela coubesse no bolso do consumidor.
É, ano passado a gente tinha muitas notícias estimulantes em meio à pandemia. Juros baixos, incentivo do governo, carência para o consumidor pagar o apartamento. Tinha uma enxurrada de notícias que estimulavam mais o cliente a comprar. Agora, o governo diminuiu o estímulo, os juros vêm aumentando, a inflação aumentou. Então, tem uma certa insegurança, mas o pessoal começa a respirar e vem mostrando uma recuperação.
A gente tem eleição em 2022, isso traz incerteza, mas não sei até que ponto temos para avançar na incerteza que já enfrentamos no último 1,5 ano. Acho que estamos bem resilientes para incertezas. Tem o posicionamento do Banco Central de fazer um ataque forte e rápido para controlar a inflação. Mas o mercado já começa a identificar que o ciclo de alta de juro será um pouco menor, e aí poderá ter redução de juro antes do que estava se projetando.
O que seria muito bom para a gente. Mas entrando em 2022, a gente não pode ficar muito na incerteza. Estamos preparados para fazer 10 lançamentos. A gente aumenta o número de lançamentos por empreendimento, mas também em número de unidades. A gente coloca também não só linha econômica, mas também vamos lançar mais um empreendimento fora do Casa Verde Amarela. Vai ser o quarto no Rio Grande do Sul nessa linha. A companhia vem acreditando muito no Rio Grande do Sul. Hoje, o Rio Grande do Sul representa quase 10% do volume da MRV. A gente vem acreditando, investindo, comprando terreno, fazendo lançamentos e também preparando a equipe. Seja aumentando o número de funcionários próprios, seja também chamando corretores autônomos para estarmos fazendo parte dessa equipe para começarmos muito bem no ano que vem.
A questão dos insumos também está dando uma trégua?
Deu. Eu conversei com o pessoal da produção nos últimos dias e eles falaram que já deu uma estabilizada. Porque era muito assustador. A gente fazia uma coisa, subia o custo. Já está estabilizando, foi o que pessoal me passou, e foi o que vemos no mercado também.
E esses 10 empreendimentos para 2022 vão ficar em que lugar?
Em Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Caxias do Sul, Gravataí e Canoas. A gente atua hoje em sete cidades, e vamos ter lançamentos em quase todas as nossas cidades.
São nas cidades que vocês já estão?
Sim. Hoje estamos em Porto Alegre, Viamão, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Caxias do Sul e Canoas.
Quantas unidades?
Aproximadamente 3,5 mil unidades, o que vai gerar R$ 600 milhões de valor geral de vendas (VGV).
E de investimento da MRV?
O número de investimento fica com o pessoal da produção, não tenho ele aqui comigo, mas estamos aumentando em 5% no número que colocamos ano passado.
Vocês têm aquelas contratações que são sempre de centenas de postos de trabalho quando uma obra começa. Imagino que deve manter nesse número para cada obra dessas que vocês vão começar?
Isso. O número se mantém. São 10 obras novas. A gente vai entregar alguns empreendimentos, mas vamos estar fazendo sete novas obras. Vai aumentar no canteiro de obra a demanda para profissionais da construção civil.
Vocês têm aquelas levas, que o pessoal pode ir no canteiro de obras?
Pessoal vai no canteiro de obras, se candidata, ou entra no site da MRV, clica em Porto Alegre e deixa seu currículo. Os 10 novos empreendimentos previstos para serem lançados em 2022 devem gerar aproximadamente mil novas vagas de emprego no Estado.
Novo lançamento ainda em 2021
Agora em dezembro, no finalzinho de 2021, a MRV lançou mais um empreendimento no Estado. É o Porto Munique, o quarto projeto da companhia em São Leopoldo. A construção do empreendimento, que contará com 420 apartamentos, deve gerar aproximadamente 120 novas vagas de emprego. O valor geral de vendas é de R$ 58,3 milhões.
Ouça mais detalhes no programa Acerto de Contas (domingo, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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