A Petrobras divulgou que teve lucro líquido de R$ 31,142 bilhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 1,546 bilhão em igual período de 2020. No segundo trimestre de 2021, o ganho havia chegado a R$ 42,9 bilhões. Um pouco antes da divulgação, a estatal tinha informado que aprovou o pagamento de nova antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2021, no valor de R$ 31,8 bilhões, equivalente a R$ 2,437865 bruto por ação preferencial e ordinária em circulação. Esse repasse se soma aos R$ 31,6 bilhões anunciados em agosto, totalizando R$ 63,4 bilhões. Isso é chamado de dividendo, que é a parte do lucro que empresas dividem entre acionistas.
Os números reascendem as críticas à política de preços da Petrobras, que lucra e divide o valor entre acionistas enquanto os preços da gasolina e do diesel sobem sem limites. Críticas, aliás, que partem do próprio presidente Jair Bolsonaro, que voltou a falar que a Petrobras não pode ter um lucro tão alto e a sinalizar de que poderia mudar a lei da política de preços. Com isso, as ações da estatal já sangraram após o fechamento do mercado mesmo com o balanço positivo apresentado.
Mas e se a Petrobras não desse esse lucro? Para começar, não seria possível repassar R$ 23,3 bilhões ao próprio governo federal, que é o acionista majoritário da estatal. Perceba que é um valor próximo da metade dos R$ 50 bilhões necessários para o Auxílio Brasil, que deve substituir o Bolsa Família. Também comprometeria o investimento que a empresa faz em uma importante cadeia econômica do país, afetando um número enorme de "fornecedores e fornecedores de seus fornecedores". E, claro, afastaria pessoas que compram ações da empresa, que não são apenas grandes e ricos investidores, mas também fundos de aposentadoria e mesmo pessoas que aplicaram seu FGTS nos papéis quando o governo federal permitiu isso há alguns anos.
O que muitos críticos dos preços dos combustíveis têm defendido é que a Petrobras assuma uma função social por ser estatal, evitando repasses de alta do dólar e do petróleo aos preços. No entanto, medidas sugeridas são paliativas e podem fazer uma empresa gigante sangrar. Os pontos estruturais do problema não são atacados, como capacidade de refino, altos custos do país, câmbio e necessidade criada de se ter uma elevada carga tributária. Ou seja, talvez nem se conseguisse reduzir os preços, mas, no máximo, evitar alta.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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