Seis em cada dez lojistas ouvidos em pesquisa feita em Porto Alegre tentaram, mas não conseguiram crédito nas linhas emergenciais anunciadas pelo governo federal durante a pandemia. O levantamento foi conduzido pelo sindicato dos lojistas da Capital, o Sindilojas POA.
Conforme o Núcleo de Pesquisas do Sindilojas, as contrapartidas exigidas pelos bancos foram a principal dificuldade, seguidas por problemas com a plataforma. Outro ponto destacado pela entidade é que 70% dos varejistas de Porto Alegre têm capital de giro para manter a loja por apenas um mês.
Confira a pesquisa enviada em primeira mão para a coluna:
1 - Você dispõe de reserva para o capital de giro do negócio?
Sim 43,9%
Não 56,1%
2 - Por quanto tempo você ainda terá capital de giro para manter a loja?
1 mês 67,9%
2 meses 13,9%
3 meses 8,3%
Mais de 4 meses 10%
3 - Você tentou contratar alguma linha de crédito anunciada pelo governo nesse momento de crise?
Sim, mas não consegui 58,3%
Não tentei 30,6%
Sim e consegui 11,1%
4 - Se não conseguiu, qual o motivo?
Contrapartidas bancárias exigidas 18,8%
Dificuldade com a plataforma 15,5%
Burocracia 15,5%
Dificuldade de contatar o agente bancário 15%
Restrição cadastral da sua empresa 14,4%
Indisponibilidade de avalistas ou garantias 7,7%
Juros altos 6,6%
Falta de informação sobre como obter o empréstimo 4,4%
Limite oferecido não atende a necessidade 3,3%
5 - Você usou alguma linha de crédito nesse período da pandemia?
Não 72,8%
Sim 27,2%
6 - Se você fechar o seu negócio, pretende tomar empréstimo para pagar funcionários?
Não 58,7%
Sim 41,3%
7 - Sobre o Pronampe:
Não tentei contratar 50%
Tentei, mas não consegui 46,6%
Contratei 3,4%
Taxas indevidas
Presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA), Paulo Roberto Kruse procurou a coluna para um alerta importante na última semana, avisando que são feitas cobranças indevidas para a concessão de crédito pelo Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). São taxas de abertura de crédito, chamadas de TAC, e também seguros que chegam a 10% do empréstimo.
O líder varejista teve reunião com a direção da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Sicredi e Banrisul. A boa notícia é que as instituições confirmaram que o dinheiro do Pronampe já está disponível e alguns empréstimos já ocorreram. Aproveitou o encontro e questionou os bancos sobre as cobranças:
- Eles garantiram que não deve ser cobrado nada assim. É a Selic, de 2,25%, mais o juro de 1,25%. A TAC até poderia, mas muito pequena. Nada perto de 10% - detalha Kruse.
Os relatos apresentados pelos lojistas até agora foram conduzidos pelo Sindilojas Porto Alegre. A entidade entrou em contato com as agências informando da posição da direção dos bancos.
- Nos casos que tomamos conhecimento, as agências recuaram e retiraram as cobranças.
O Pronampe é uma linha de crédito criada para atender micro e pequenas empresas que enfrentam dificuldades durante a crise do coronavírus e foi liberada com a sanção da Lei nº 13.999/2020 do governo federal. Serão beneficiadas as empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano. Por enquanto, a liberação mais ampla está ocorrendo para as microempresas, com receita anual de até R$ 360 mil. CEF e BB estão mais avançados na liberação, diz Kruse. Banrisul e Sicredi iniciarão as operações nos próximos dias, garantiram.
Para falar sobre o Pronampe, lojistas e associados podem entrar em contato no e-mail lauro.simao@sindilojaspoa.com.br ou pelo telefone (51) 99111.1745.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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