A taxa de desemprego subiu, o que já era esperado com o impacto da pandemia na economia, mas ainda ficou um pouco abaixo da projeção do mercado. Passou para 12,9% quando os investidores previam 13%. E, convenhamos, não é uma grande alta na comparação com o índice de 12,3% do mesmo período do ano passado.
Mas aí que está o ponto de atenção, que deve ser observado para que não se comemore ou se baixe a guarda a partir desse dado. E o IBGE alerta: "Pela primeira vez, menos da metade das pessoas em idade de trabalhar está ocupada". O percentual chegou a 49,5% no trimestre encerrado em maio, queda de cinco pontos percentuais em relação ao trimestre até fevereiro. Ou seja, os brasileiros pararam de buscar trabalho durante a pandemia do coronavírus, deixando de ser considerados na base para calcular a taxa de desemprego. Por isso, ela sobe menos, mesmo que muitos postos de trabalho tenham sido fechados.
- É uma redução inédita na pesquisa e atinge principalmente os trabalhadores informais. Da queda de 7,8 milhões de pessoas ocupadas, 5,8 milhões eram informais - destaca a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Os trabalhadores informais somam os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) e sem remuneração. O número de empregados no setor privado sem carteira assinada caiu 20,8%, significando 2,4 milhões a menos no mercado de trabalho. Já os trabalhadores por conta própria diminuíram em 8,4%, ou seja, 2,1 milhões de pessoas. Com isso, a taxa de informalidade caiu de 40,6% para 37,6%, a menor desde 2016, quando o indicador passou a ser produzido. Mas é outro ponto que não deve ser comemorado e pelo mesmo motivo que citamos antes, sendo que os informais sentiram mais o impacto da pandemia.
- Significa que essas pessoas estão perdendo ocupação e não estão se inserindo em outro emprego. Estão ficando fora da força de trabalho - analisa a pesquisadora.
Para fechar, atenção ainda aos trabalhadores domésticos. O contingente, estimado em 5 milhões de pessoas, teve uma queda de 18,9%. São 1,2 milhão de trabalhadores domésticos a menos no mercado de trabalho.
A coluna, então, alerta que o dado aparentemente positivo não pode tirar a atenção dos governos para o emprego. Mais medidas devem continuar sendo lançadas para evitar uma onda ainda maior de desemprego, ainda mais que já se sabe que afeta os mais vulneráveis. A possibilidade de suspensão de contrato e redução de jornada de trabalho ainda segura muitos postos de trabalho, que, caso contrário, teriam sido extintos.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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