Está difícil para o mercado de trabalho engatar uma recuperação. Os dados de emprego com carteira assinada já tinham decepcionado e agora o desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre atingiu em dezembro o maior patamar do ano, no terceiro mês de alta consecutiva.
A taxa subiu para 12,8% no mês. Lembrando que o ano começou com desemprego de 10,6%. Não dá nem para falar de efeito sazonal, já que dezembro de 2016 ficou com taxa menor, de 10,7%.
A pesquisa é feita no Rio Grande do Sul por Dieese, FGTAS e Fundação de Economia e Estatística. Segundo a FEE, o mercado de trabalho regional apresentou comportamento adverso pelo terceiro ano consecutivo. A taxa de desemprego total registrou crescimento e o nível ocupacional, retração, com a diminuição de 58 mil pessoas com trabalho.
Na média de 2017, a taxa de desemprego foi de 11,2% na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em 2016, ficou em 10,7%. O contingente de desempregados está estimado em 205 mil pessoas.
A taxa sobe desde 2014, quando atingiu 5,9% e era chamada de pleno emprego. Ou seja, o desemprego atualmente é quase o dobro daquele ano e está no maior patamar desde 2008, quando ficou com a mesma taxa. Esta pesquisa é feita desde 2001.
O pior resultado ocorreu no setor de serviços, que cortou 73 mil postos de trabalho. Os outros criaram vagas. A indústria de transformação abriu 4 mil postos, construção criou 2 mil vagas e o comércio fechou com 7 mil novos empregos.
A retração no mercado de trabalho foi puxada pela diminuição do emprego assalariado. O movimento ocorreu tanto no setor privado quanto no público. Houve, no entanto, aumento de trabalhadores autônomos. FEE observa que há uma precarização do mercado de trabalho.
Renda
O rendimento médio real do trabalho também caiu. Em 2017, passou para R$ 1,9 mil, o menor valor desde o início da pesquisa, em 1993.
"Durante a crise econômica, ocorreu uma acentuada redução dos rendimentos do trabalho na RMPA. Na comparação de 2014 com 2017, o rendimento médio real do total de ocupados teve uma queda de 18,1%, e o salário médio real, de 15,9%." - ressalta a pesquisa.