Neblina, atraso, confusão, tensão em campo, invasão, agressões, pênaltis, expulsões e muitas polêmicas. Juventude e Inter fizeram um jogo com um dos maiores números de incidências da temporada no futebol brasileiro. Foi o típico jogo em que a arbitragem foi ruim e sem sorte, pois alguns fatos foram muito além de meros erros e acertos.
Não dar o pênalti em Enner Valencia no primeiro tempo foi um erro do árbitro Rodrigo Pereira de Lima. O VAR entender que não deveria interferir no lance em que o atacante recebeu um carrinho no pé dentro da grande área foi outro equívoco.
Se a etapa inicial teve um pênalti que não foi marcado, o segundo tempo teve um pênalti que não deveria ter sido. A primeira penalidade de Wesley foi cavada. O jogador do Inter se joga sobre o adversário e força o contato. Até consigo entender a falta de interferência do VAR nesse lance por ter havido um contato e por ser uma situação interpretativa. De qualquer modo, eu não marcaria.
No segundo pênalti sofrido por Wesley, houve um raro acerto. Valência desperdiçou a cobrança de forma displicente. O VAR mandou voltar porque houve invasão de um defensor do Juventude na grande área. Não há discussão quanto ao que foi feito porque o protocolo do VAR manda agir assim quando o invasor tem um impacto tático no rebote.
Talvez o maior erro do juiz tenha sido na dificuldade de conduzir a partida. A falta de controle disciplinar é, muitas vezes, algo mais grave do que erros e acertos. É irritante ver um jogo que o árbitro não tem o controle das ações dentro de campo.
Só que o fato mais lamentável da noite no Alfredo Jaconi foi a invasão de um torcedor que tentou agredir Valencia. Ele foi impedido por Alan Ruschel, que o atingiu com um soco no rosto. A descrição desse fato já mostra que está tudo errado nesse episódio. O futebol perdeu, a sociedade perdeu, todos perderam quando algo assim acontece em um jogo de futebol.
Não há nada que se possa fazer para que um episódio desses termine bem. O torcedor não pode invadir o campo para tentar agredir um jogador. É preciso que haja uma punição exemplar.
Um erro não justifica outro. O jogador não pode agredir o torcedor com um soco na cara. Qualquer agressão de jogador contra adversários, companheiros, integrantes de comissão técnica ou agentes externos deve representar uma expulsão, de acordo com a regra. Foi o que aconteceu. O VAR interferiu e Alan Ruschel acabou expulso por dar um soco na cara de um torcedor em uma tentativa de se proteger e proteger o adversário em questão, que era Enner Valencia. É um amontoado de absurdos.
Até posso concordar que o vermelho de Alan Ruschel pode não ser a coisa mais justa pelo contexto, mas não havia outra decisão possível no momento em que o árbitro foi chamado no monitor para olhar o que o jogador fez. Ruschel não escolheu a melhor maneira de proteger o adversário ou a si mesmo. Não é com um soco que as coisas se resolvem.
Dizem que goleiro tem que ter sorte. Pois o árbitro também. Rodrigo de Lima teve uma jornada ruim e azarada. Não vou nem colocar o atraso no pontapé inicial como um fato atípico porque estamos falando de um jogo em Caxias do Sul. No entanto, no final das contas, se tornou mais um de tantos incidentes de um jogo maluco.