"O VAR é aquele instrumento que a gente critica quando tem e reclama quando não tem". Essa ótima frase não é minha, infelizmente. Ela foi feita pelo talentoso comentarista Diogo Olivier na transmissão da Rádio Gaúcha logo após o apito final na derrota por 3 a 1 do Inter contra o Ypiranga, pela quarta rodada do Gauchão.
A frase serviu bem para resumir o que aconteceu no Colosso da Lagoa. Isso porque quem assistiu ao jogo ficou com o sentimento de que o recurso eletrônico fez falta. Até porque alguns lances são tão rápidos e difíceis que nos passam a sensação de que somente o VAR é capaz de resolver.
O terceiro gol do Ypiranga é um ótimo exemplo disso. Depois bater e rebater entre Erick e Heitor, a bola sobrou para o jogador do time de Erechim ampliar o marcador. Quem seria capaz de cravar em tempo real que a bola raspou no braço do atacante? Eu não conseguiria. Mais do que isso, o toque só foi percebido quando a RBS TV mostrou a imagem em câmera lenta. Com VAR, o lance seria simples e factual. O toque invalidaria o gol.
Outro lance típico de VAR foi o gol anulado do Inter. A assistente Maíra Moreira marcou impedimento de David em um lance muito ajustado. É impossível afirmar com (100% de) certeza que o gol foi legal sem as linhas do VAR. O recurso mudou de patamar esse tipo de análise. De qualquer modo, olhando a imagem da televisão, a impressão é de que o atacante colorado estava na mesma linha do penúltimo defensor.
O grande erro do árbitro Wagner Echevarria no jogo foi o pênalti não marcado para o Ypiranga no primeiro tempo. Esse lance não precisava de VAR. O juiz estava bem colocado e teve convicção ao mandar seguir. No entanto, houve a infração cometida por Heitor.
Na sequência, quem teve um pênalti foi o Inter. Caio Vidal foi derrubado na grande área, o juiz marcou e acertou.
Echevarria é um árbitro da nova geração. Recém foi promovido e está apenas no segundo jogo de Gauchão da carreira. Foi a estreia dele em jogos envolvendo a dupla Gre-Nal. É natural que erros possam acontecer com qualquer juiz, ainda mais com nesta fase.
Por isso, creio que a análise da atuação precisa ir além da observação das decisões técnicas da arbitragem, até para projeção de futuras escalas na competição. Wagner Echevarria demonstrou bom controle disciplinar. Mesmo com lances polêmicos e até um erro cometido, ele não perdeu o foco e se manteve seguro ao longo dos 90 minutos. Teve autoridade e personalidade. Esse foi o ponto positivo na atuação da arbitragem.
Até porque o VAR corrige erros graves, mas não garante o controle disciplinar dentro de campo. Comandar o espetáculo é função básica de quem carrega o apito.