Não podemos dizer que a arbitragem cometeu algum erro escandaloso no empate do Inter com o Corinthians. É verdade que há um lance bastante polêmico e até discutível. Falo do pênalti marcado no campo por Wilton Pereira Sampaio e desmarcado com o auxílio do monitor à beira do gramado.
A jogada é interpretativa. Ramiro deu um carrinho e interceptou a bola com o braço. A grande questão que precisa ser observada quando olhamos esse tipo lance é definir se o braço do jogador corintiano serviu apenas de apoio ou se estava aberto demais.
Isso porque o texto da regra diferencia exatamente o que é ou não infração com base nisso: "Quando um jogador cair e a mão/braço estiver entre seu corpo e o ponto de apoio do chão, mas não estendida para longe do corpo, lateral ou verticalmente".
É justamente a subjetividade colocada na regra que abre a discussão sobre o lance de Ramiro. Em outras palavras, o texto quer dizer que nem todo braço de apoio deve ser considerado como uma situação normal, mas ao mesmo tempo não quer dizer que sempre será pênalti.
Até em função da complexidade da regra, antes de começar este Brasileirão, os árbitros da CBF debateram jogadas semelhantes com o objetivo de formar um conceito. E um dos lances usados como exemplo para diferenciar as duas situações foi o de um pênalti marcado para o Flamengo contra o Grêmio, em 2019, na Arena.
Naquela oportunidade, Léo Moura deu um carrinho e se apoiou no gramado, mas acabou abrindo demais o braço. A marcação desse pênalti foi apontada como exemplo de decisão correta, justamente pela forma como o braço estava colocado. Estou trazendo esse lance apenas como elemento para ilustrar o debate, pois o preponderante em qualquer análise é o conceito da regra e também os elementos oferecidos em cada jogada.
É com base nisso que minha interpretação sobre o lance de Ramiro é de que a decisão correta de Wilton Sampaio seria manter a marcação do pênalti. Não entendo que houve meramente um braço de apoio, até pela forma como Ramiro abre o braço de forma vertical ao realizar a ação de bloqueio.
Com relação aos gols anulados do Inter, a arbitragem acertou em todos. No primeiro tempo, aos 44 minutos, houve impedimento de Yuri Alberto no momento do toque de Patrick. O lance foi validado no campo, mas corrigido pelo VAR.
Depois, aos 51 da etapa final, Edenilson chegou a empurrar para dentro do gol, mas estava meio corpo adiantado em relação ao defensor corintiano. Desta vez, o gol foi invalidado com precisão já no campo pelo assistente Fabrício Vilarinho da Silva. O VAR apenas respaldou.
Por fim, também concordo com a interpretação de Wilton Sampaio na infração sinalizada no lance em que Abel Hernández tirou a bola que estava controlada nas mãos de Cássio.
Esse foi o resumo do que aconteceu em termos de arbitragem no último jogo no Beira-Rio neste Brasileirão.