Imagine que um zagueiro cometeu 50 faltas e outro fez 30 no mesmo número de partidas. Não está errado dizer que o primeiro bateu mais do que o segundo. Errar um bote, chutar, atingir, puxar, agarrar, empurrar, dar um carrinho e por aí vai. Tudo está dentro da ideia de entrar em choque ou ter contato com um adversário.
Quem faz isso em maior número acaba por "bater" mais. Não estou medindo a intensidade das infrações. Estou trazendo um número frio para indicar que um deles é mais faltoso. O que jogador que fez 30 faltas pode ser mais violento ou até ser desleal enquanto o que cometeu 50 é apenas afoito.
Estou falando tudo isso para mencionar uma coluna publicada na terça-feira (28) aqui neste espaço. No texto, trago a estatística de faltas da dupla Gre-Nal nas duas primeiras rodadas do Gauchão.
O resumo dos números é que o Inter fez e o Grêmio sofreu mais faltas. Ou seja, um bateu mais e o outro apanhou mais. É assim que trato no texto sem qualquer objetivo de medir a intensidade dessas infrações feitas ou recebidas.
Fazer faltas — ou bater — é algo que está nas regras do futebol. Cabe ao árbitro punir o infrator de acordo com a intensidade da pancada. Se for leve, apenas a falta será marcada. Se for média, haverá advertência verbal ou amarelo. Se passar desse limite, até uma expulsão direta poderá acontecer. Tudo está bem claro no livro de regras. Prova disso é que o Inter levou mais amarelos do que o Grêmio nas primeiras rodadas por ter feito mais faltas. Foram seis cartões contra três.
O objetivo que tenho com esse relato é fazer um esclarecimento. Em nenhum momento tive a intenção ou disse que o Inter foi maldoso ou desleal nas duas primeiras rodadas do Gauchão. Até porque não considero que tenha passado perto disso. Apenas trouxe uma informação que fala sobre a maneira de jogo da equipe coloradas em uma pequena amostragem. A ideia nunca foi rotular ou causar desconforto utilizando a palavra bater. Se alguém se sentiu atingido nas redes sociais, peço desculpas.
Cheguei a falar que isso pode ter muito a ver com a mudança do estilo de jogo proposta por Eduardo Coudet. Um time que está entendendo o novo comportamento em campo e que pressiona o adversário para roubar a bola pode cometer mais faltas até que as coisas estejam ajustadas.
Como falei desde o princípio, o que mais importa no futebol são os gols e as vitórias, mas estatísticas podem ajudar a revelar a maneira como as equipes se comportam em campo tanto no aspecto técnico quanto no disciplinar.
Mesmo com a posse de bola maior, o nível de competitividade e a intensidade de jogo do Inter se refletiram também em um número mais elevado de faltas na amostragem que tivemos até agora. Creio que isso deva diminuir com o passar dos jogos.
Confira abaixo os números da dupla Gre-Nal:
Inter
Gols: 4
Faltas cometidas: 31
Faltas recebidas: 17
Amarelos: 6
Pênaltis recebidos: 1
Impedimentos: 3
Escanteios: 21
Passes trocados: 1.247
Posse de bola: 68,5%
Grêmio
Gols: 1
Faltas cometidas: 22
Faltas recebidas: 34
Amarelos: 3
Pênaltis recebidos: 1
Impedimentos: 3
Escanteios: 15
Passes trocados: 1.155
Posse de bola: 68,5%