A melhor notícia do Inter reserva que ganhou com total autoridade do mesmo Avenida que, dias atrás, derrubou o time de transição do Grêmio, é a parte coletiva. Eu diria que Odair Hellmann e Mauricio Dulac, técnico e seu auxiliar, são as estrelas deste Inter em começo de Gauchão.
Mesmo com problemas de última hora e lesões (Dudu, Wellington Silva, Uendel), percebe-se um conceito de futebol, exercido tanto pela equipe A quanto pela B. Trataremos amiúde do tema, especificamente, no Sala de Redação. E abordarei aqui na minha coluna em GaúchaZH.
Mas quero falar de uma individualidade jovem, que colocou a partida no bolso e foi o grande destaque do 3 a 0 do Beira-Rio.
Não, não é Roger, destaque com dois gols. O artilheiro sempre merecerá os holofotes, claro, ainda mais no caso de Roger e de sua bela história de luta pela vida.
Mas centroavante sobrevive de quem lhe sirva, e se o garoto Juan Alano jogar sempre assim, o que não será nada fácil, tal o nível de sua atuação neste sábado, Odair terá de pensar seriamente nele como titular. Ou, ao menos, como o 12 jogador, entrando no segundo tempo, para ir avançando e evoluindo.
É muito difícil formar, nas categorias de base de qualquer clube, um armador. Todos os treinadores procuram um jogador com tais características. Juan jogou como se considerasse o Gauchão uma Copa do Mundo. Está certo. É uma chance de ouro.
Ele deu uma assistência preciosa para um dos gols de Roger. Por entre os zagueiros. Metida de quem sabe. Chutou no travessão de fora da área, fazendo o facão da esquerda para a direita. Em outro passe, recuando por trás dos volantes, achou Marcinho livre. Fez o jogo apoiado de triangulação várias vezes, acertando o tripé de passes. Cadenciou, acelerou, deu opção. Foi sempre uma saída para impedir o chutão. Pifou os companheiros.
Houve um lance anônimo de Juan Alano que me chamou a atenção, por mostrar foco e vontade, essenciais para quem busca lugar ao sol.
No segundo tempo, ele levou um tranco forte do volante do Avenida. Jogada de corpo, limpa. Foi arremessado a metros de distância. Entrou mole no lance. Sabe o que ele fez? Em vez de se lamuriar com o árbitro, ergueu-se rapidamente e procurou o seu “algoz”, que segundos depois estava com a bola. Mesmo com corpanzil menor, deu-lhe uma “chegada” que fez o robusto volante do Avenida dar quase um mortal no ar. O árbitro marcou falta. Não achei.
Vi ali um jovem meia que mostrou sangue na veia sem ser violento e, melhor, já entendeu que meia também tem de marcar, assim como volante só defensor é artigo de museu.
A amostragem é pequena ainda. Só começo de temporada em Estadual. Nada pode ser definitivo a esta altura. Mas Juan Alano, que apareceu no ano passado com Guto Ferreira, lesionou-se e depois perdeu espaço, pode se tornar um jogador precioso para o Inter em 2018, caso continue no padrão deste 3 a 0 no Avenida.
Odair deve pensar nele com muito carinho, quem sabe até para descansar o fundamental e titularíssimo D’Alessandro aqui e ali, evitando lesões no capitão. Usar ambos não é absurdo algum, aliás. Não é todo dia que um clube forma um bom armador, o chamado "pifador".]