A virada do Barcelona sobre o PSG, nas oitavas de final da Champions League, nesta quarta-feira, é daqueles jogos eternos, pela grandeza da competição e dos clubes envolvidos. Merece certa solenidade na abordagem.
O técnico Luis Enrique, com atuação lendária de Neymar, talvez a melhor de sua carreira pela frieza nos momentos decisivos, devolveu a derrota por 4 a 0 em Paris com um 6 a 1 impossível no Camp Nou. E o mais incrível desta jornada épica é: tudo aconteceu ao natural.
Luiz Enrique montou o time com três zagueiros. Não escalou laterais. As jogadas de ataque pelos lados ficaram ao encargo dos brasileiros Neymar, pela esquerda, e Rafinha, pela direita. Suárez posicionou-se o maior tempo possível dentro da área, e Messi flutuou do meio para a frente.
Rakitic, Busquets e Iniesta trabalharam na segunda linha do 3-4-3. Assim: Ter Stegen; Mascherano, Piqué e Umtiti; Rafinha, Busquets, Rakitic e Iniesta; Messi, Suárez e Neymar.
Quando um time fecha com 71% de posse de bola, 80% de precisão nos passes e tem matadores como o trio MSN, capazes de arrematar 20 vezes, contra 8 do PSG, bem, aí a equação começa a ser desvendada. Quem fica com a bola faz menos faltas, claro: 16 a 25.
O PSG baixou demais a marcação, apostando no contra-ataque. Mais um pouco cairiam todos no Senna, inclusive o goleiro Trapp. Apostou em um golzinho, que veio com Cavani, mas logo em seguida se encolheu de novo.
Como é possível um time que jogou marcando alto em Paris, sufocando o Barcelona, mudar tanto de ideia?
O técnico Unai Emery só pode não ter entendido porque ganhou a ida por 4 a 0. Tinha jogadores para também jogar no Camp Nou, mas apostou em fechar a casinha. Terminou por escancará-la.
Tite deve ter gargalhado. A atuação de Neymar vai colocá-lo noutro patamar, não apenas pelos gols, de pênalti e de falta, mas pela lucidez aos 95 minutos, na passe para Sergi Roberto fazer o sexto gol. Seu nome, depois desta quarta-feira, está na história do Barcelona com capítulo especial. Cumpriu função tática para marcar e, com a bola, foi para cima, decidido a propiciar vantagem numérica ao seu time.
Um jogo para sempre.