Em 1995, quando comecei a faculdade de jornalismo, tinha um sonho profissional: trabalhar na RBS. Só que não na Gaúcha, no Pioneiro, o jornal da Serra.
Meu sotaque era muito carregado e não tinha voz de locutor. Então, achei que não seria útil no rádio.
No segundo semestre do curso, surgiu a chance de fazer um estágio como redator na Rádio Caxias. Como eu não tinha experiência alguma, pensei: vou fazer o estágio e, depois, terei alguma coisa para colocar no currículo e procurar emprego no jornal.
Mas, na última semana do estágio, o diretor me disse que se eu fizesse aula de locução, seria contratado. Fiz e consegui emprego, mas nunca abandonei o sonho de trabalhar na RBS.
Diante da nova situação, procuraria emprego na Rádio Gaúcha.
Dois anos depois, consegui o que tanto queria. Entrei na Gaúcha e realizei o sonho. Ainda assim, tive que transpor alguns obstáculos com a voz. Um deles era o sotaque que ainda tinha e o nervosismo de segurar o microfone da maior emissora do Rio Grande do Sul.
O sotaque fui perdendo com aulas de fonoaudiologia e o nervosismo com a prática e a paciência dos meus colegas.
Sempre fiz exercícios para melhorar a voz. Eles se tornaram ainda mais necessários em 2021.
Em julho daquele ano, descobri um câncer na cabeça. Durante a quimioterapia perdi, entre outras coisas, a capacidade de falar, justo meu instrumento de trabalho e pelo qual lutei tanto.
Desde o fim do tratamento hospitalar, tenho intensificado a fonoaudiologia para melhorar cada vez mais, e ter o padrão de voz que tanto me custou.