Por princípio, sou contra a criação de novos ministérios. Um governo se mede, sim, pelo tamanho da estrutura ministerial. Quanto mais ministérios, mais gastos, menos gestão. Nos mandatos de Lula, tivemos 35 ministérios. No de FHC, foram 24. Não vou avaliar quem foi o mais eficiente.
O Brasil já teve cada ministério, que vou te contar. Teve até ministério que uma diretoria seria suficiente para dar conta. No governo Dilma, chegamos a ter 39 ministérios. Imagine você uma reunião ministerial? Tivemos, por um curto período, o ministério da Pesca e Aquicultura, dois setores importantes, mas, nem de longe, tão fundamentais para estarem no topo da preocupação da Nação. Para efeito de comparação, os Estados Unidos têm 15 ministérios.
Mas, agora que o governo vai mudar, existe a chance de criação de um ministério que se justifica: o da Segurança Pública. GZH noticiou, ainda em agosto, que a saúde era a principal preocupação dos gaúchos na eleição. Seguida de segurança pública. Ou seja, apesar dos inegáveis avanços, a segurança ainda está no topo das preocupações dos eleitores.
As polícias precisam ser mais aparelhadas, os presídios estão superlotados e são verdadeiros escritórios do crime, ambiente onde as facções criminosas proliferam. É verdade que os estados, a quem cabe legalmente cuidar de segurança, têm feito um trabalho com resultado. Mas, por mais que façam, o tema segue no alto da lista de apreensões dos cidadãos. Isso mostra que, ao menos o gaúcho, ainda tem a “sensação de insegurança”. Falta aparato na hora mais difícil.
Consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ex-número dois da segurança no governo Dilma, atual diretor do Instituto Cidade Segura, com resultados positivos em pelo menos 10 municípios brasileiros, Alberto Koppitke é entusiasta da ideia. Mesmo estando fora da transição, ele opina:
— No mundo todo, os governos federais vêm tendo um papel cada vez mais importante na segurança. Não se trata de "passar por cima das forças locais". É fortalecer as polícias, por exemplo, unificando a boa política para todo o país — avalia ele.
Criar um ministério para cuidar do nervo exposto de uma parte da sociedade e nomear alguém qualificado para o cargo seria um bom começo para um governo.