Ninguém está impedido de mudar de lado. Cada um sabe onde o calo aperta. Mas cuidado com os artistas de plantão. As campanhas dos candidatos à Presidência comemoram efusivamente a adesão de artistas na disputa eleitoral. Músicos fazem pompa e circunstância com isso.
A dupla Zezé di Camargo & Luciano gosta de pular de um lado para o outro conforme os ventos sopram. Resolveram se posicionar e oferecer apoio ao atual presidente. Bom lembrar: Zezé di Camargo e Luciano venderam milhares de cópias de discos e o filme inspirado na história deles foi um dos mais vistos nos cinemas brasileiros. Ou seja, eles são muito famosos por mérito próprio.
Curioso esse movimento partindo de artistas que numa época recente fizeram campanha para o outro lado. Em 2002, quando os showmícios eram permitidos pela legislação eleitoral, a dupla acompanhou Lula em diversos eventos de campanha pelo país — em Porto Alegre, os três chegaram a dividir os vocais para cantar o tema da campanha petista à época.
Dois anos depois, Zezé di Camargo e Luciano voltaram a Porto Alegre para subir ao palco do então candidato do PT à prefeitura de Porto Alegre, Raul Pont, e sua vice, Maria do Rosário. À tarde, antes do showmício, um dos artistas mordeu a isca e assumiu uma provocação de um militante contrário, envolvendo-se numa briga na frente do hotel onde estava hospedado.
Era uma briga que reproduzia o clima violento entre eleitores petistas e tucanos à época, num país polarizado, mas nem perto do que é hoje. O caso foi parar numa delegacia de polícia, e ilustra bem o comportamento de alguns artistas em tempo de campanha.
Mais de 10 anos depois, em 2014, um dos integrantes da dupla ainda teve tempo de fazer campanha presidencial para o então candidato tucano, Aécio Neves, já aí uma mudança de pensamento política radical. Agora, os dois estão com Bolsonaro.
O fato de ser artista pode ser permanente. O apoio político, porém, é outro assunto e pode mudar conforme o ano e o(a) candidato(a).