Dia desses recebi o santinho virtual de um candidato. Como não falava o partido, fui procurar na internet. Nem registro na Wikipedia tinha ainda. Acredito que não houve tempo, o partido é recente demais. Até agora não sei se é de direita, de centro ou de esquerda. Não que isso importe, mas é relevante ter uma ideia sobre o espectro político do candidato.
Na eleição passada, em 2018, conversando com um ex-deputado federal, perguntei por que ele não iria se candidatar de novo. Me explicou:
— Em 1998, eu era deputado federal e não conseguíamos fazer uma reunião porque havia 10 líderes partidários. Sabe quantos são hoje? Mais de 30.
Mais precisamente, 32, segundo informa oficialmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outros 24, estão em formação, aguardando julgamento pelo TSE. Já conseguiram o apoio necessário, as assinaturas e estão esperando o aval da Justiça Eleitoral. Passando os olhos, rapidamente, não há nenhuma grande novidade. Todos são semelhantes aos que já existem: uma sopa de letras e nomes.
Não existe democracia no mundo com tantos partidos assim. O sistema não vai funcionar bem enquanto tivermos tantas agremiações. O modelo brasileiro é permissivo, pois quem preside um partido tem acesso a verbas como o fundo partidário que, dependendo do número de parlamentares eleitos, é um bom dinheiro. Mais: o chefe do partido ganha poder para barganhar alianças. Logo, terá cargos em governo eleito.
Em breve, estaremos nos surpreendendo com santinhos com números novos. O Brasil precisa de uma reforma partidária para organizar essa farra das siglas. Dos 32 partidos, deixar em apenas quatro ou cinco, no máximo. Democracias mais duradouras, como a americana (dois lados mais fortes) e a britânica (também com dois lados mais evidentes), se sustentam muito bem dessa forma.