A piora na condição do Rio Grande do Sul no enfrentamento ao coronavírus coincide com o auge da campanha eleitoral e das festas particulares ou em locais maiores, de forma clandestina.
Os candidatos começaram a ir às ruas no dia 27 de setembro. Aqui no Estado, 32.703 pessoas concorreram a vereador, prefeito e vice.
A confiança no bem senso dos políticos sobre a necessidade de distanciamento social naufragou. Por toda parte, candidatos usaram e abusaram dos tradicionais eventos de campanha para angariar votos.
Ao longo de outubro, houve concentração de pessoas de todo tipo: comícios, carreatas, festas e atos de campanha que promoveram aglomerações. Bastava uma olhada nas redes sociais, estava tudo ali.
Bandeiraço na praça, visitas de candidatos e cabos eleitorais nas periferias, levando gente de regiões diferentes da cidade para os bairros, se espalhando, em contato, muitas vezes até sem máscara. No dia 15 de novembro à noite, a consagração dos vencedores e de quem desdenhou do perigo com festas públicas regadas a chope.
Além da campanha, viraram moda no Estado as festas clandestinas. Em Porto Alegre, do Moinhos de Vento à Vila Cruzeiro, baladas com dezenas — em alguns casos até centenas — de pessoas vararam as madrugadas dos últimos fins de semana. Pouco foi feito para fiscalizar e acabar com as farras de desdém ao coronavírus.
Agora, depois da eleição e a três semanas do Natal, medidas de restrição mais duras voltam a fazer parte da nossa realidade. A grita é generalizada.
Aqueles que respeitaram o distanciamento social — comerciantes que implementaram os protocolos e evitaram lotações em detrimento dos negócios, por exemplo — estão inconformado com a nova realidade. E eles têm razão. A conta pelo "liberou geral" vai ser paga agora, por todos nós.