No tricolor, Adriel perdeu a titularidade por indisciplina. Gabriel Grando passou a ocupar o espaço, tendo como reserva imediato Brenno.
No colorado, depois da saída do controvertido Daniel, Keiller não vem mostrando segurança e disputa posição com John.
Em ambos os cenários, o futuro é incerto quanto a quem ficará debaixo das traves na temporada.
Esse vazio existencial na pequena área é a base dos insucessos da dupla Gre-Nal. Títulos partem de um grande goleiro. É aquele detalhe a mais quando a zaga falha. É aquele milagre quando a equipe não ajuda. É aquela diferença quando o ataque anda minguado.
Nem se trata de um quadro preocupante por erros individuais, mas muito mais por não alcançarmos as vitórias pela falta de grandes atuações.
Última Libertadores gremista (2017) veio com Marcelo Grohe fazendo defesas inexplicáveis. Última Libertadores vermelha (2010) veio com Renan em sua melhor fase.
As taças subiram às estantes dos clubes a partir das performances decisivas do número 1. Clemer (camisa amarela) e Danrlei (camisa colorida), cada um com doze títulos nas costas, são inesquecíveis. Suas luvas representam as épocas douradas dos dois times.
Muitos antecessores se tornaram lendas.
Eurico Lara teve 154 vitórias em 215 jogos. Foi um ferrolho tão impactante entre 1920 e 1935 que seu nome entrou para o hino oficial do clube:
“Lara, o craque imortal / Soube seu nome elevar / Hoje com o mesmo ideal / Nós saberemos te honrar”.
Quem não se lembra do lobo Mazaropi e sua gana de vencer, responsável direto pela Copa Libertadores da América e o Mundial de 1983? Ou do Leão do Brasileiro de 1981?
Do Inter, houve o bicampeão brasileiro (1975-1976) Manga, que defendia cruzamento de Nelinho com uma única mão e jogava com os dedos quebrados como se nada tivesse acontecido. E ainda o paraguaio Benítez do tricampeonato brasileiro e os consagrados na Seleção Brasileira e no exterior Taffarel e Alisson, formados nas categorias de base.
Diferentemente da perícia dos exemplos do passado, existe uma falta de confiança nos candidatos atuais ao preenchimento das vagas. Os três postulantes do Grêmio têm o mesmo nível técnico. Não comprometem, porém não arrebatam. Talvez surja uma estrela dali se houver regularidade de escalação e terminar o duvidoso revezamento. Mais do que todos os jogadores, o defensor requer sequência de jogos. É um maratonista nato, o eixo intelectual da saída de bola.
O Inter experimenta um caso mais delicado. Faz uma década que não encontra um perfil constante, seguro, que tenha elasticidade, brio e firmeza em todos os fundamentos. Lomba resolvia por baixo, mas saía muito mal pelo alto. Daniel gerava calafrios com bola rasteira. Keiller é um menino assustado com o tamanho da responsabilidade, imobilizado como goleiro de botão. Não erra tanto, mas dá a sensação ao torcedor de que poderia ter se esforçado mais, de que os gols que leva são chutes defensáveis.
Talvez John seja a esperança restante. Porque ele tem uma tranquilidade colossal de Dida. Posso estar equivocado, mas é a única opção.
Goleiro é o capitão moral do time, o segundo treinador, a serenidade dos últimos minutos. Sem isso, viveremos com medo.