O seguro do carro aumentou 34% na Capital e na Região Metropolitana. Os dados seguem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Chegará o momento em que você terá que vender seu carro para pagar o seguro do carro. Ou será mais fácil pagar o carro do que o seguro. Ou pior: terá que participar de um consórcio de seguro de carro para ver se será premiado, mesmo ainda não tendo carro.
As alegações são a alta do dólar, o aumento do preço das peças de reposição, a instabilidade do mercado automotivo e o encarecimento da gasolina e do diesel.
Mas vamos combinar: já estava os dois “olhos da cara” antes disso.
É um pacto sinistro para evitar sinistros.
Sem contar que você é avaliado pela seguradora, arcará com demandas ocasionais, dependendo de onde mora, de qual a incidência de roubos e furtos na região, da sua idade, dos seus problemas de saúde, do seu histórico de acidentes, se só você dirige na família ou se tem um filho com carteira recente, se dispõe de um lugar seguro de estacionamento.
A investigação elitizada gera preconceito com bairros e estigma residencial. Não poderia ser assim. É igual a negar o crédito numa loja de acordo com o seu endereço.
Você se sente pobre ou miserável de qualquer jeito. Vem a depressão de viver “errado” e não do jeito adequado para garantir descontos.
É mais fácil receber o Auxílio Brasil do que ser aprovado por uma seguradora. Ela inspeciona até como anda o seu casamento, avalia seus amigos, se são boas ou más influências.
Exageros à parte, encaminhar um seguro é malha fina da sua personalidade.
Deveria ser simples, prático, acessível, uma medida protetiva para o cuidado com o seu patrimônio, com facilitação de pagamento, para ninguém correr riscos à toa com a possibilidade de perda total do seu investimento e ganha-pão, porém é um luxo, uma extravagância, uma loucura de aperto e enxugamento na economia doméstica.
Fiz seguro em Belo Horizonte e Porto Alegre para o mesmo veículo, e aqui é o triplo do preço. Qual é a justificativa? Cidade mais perigosa? Ou as ruas esburacadas entram na previsão do orçamento?
Já fui, inclusive, negado por seguradora. Há humilhação maior?
Uma delas não quis renovar o convênio comigo. Não me adequei às suas pretensões. Como num namoro em que você gasta o que não tem e recebe um pé na bunda.