Uso de robôs no campo, aumento da produtividade a partir da tecnologia e expansão da rastreabilidade na cadeia produtiva de diferentes setores. Esses são alguns dos cenários que devem se tornar cada vez mais comuns e estiveram em foco no evento Campo em Debate, realizado na manhã desta terça-feira (28), na Casa RBS, na Expointer.
No encontro, a jornalista Giane Guerra mediou um painel sobre as macrotendências do agronegócio. O evento contou com a participação de Alex Freitas, sócio da PwC Brasil e responsável pela área de risk assurance na Região Sul, Eduardo Marckamann, CEO da Eirene Solutions, e José Crespo, zootecnista e diretor da Brasil Beef.
Segundo Freitas, a PwC identifica cinco grandes tendências que ditarão o futuro da agropecuária no Brasil e no mundo nas próximas décadas: as mudanças demográficas, a urbanização acelerada com a formação de megacidades, a ascensão de países emergentes na economia global, as mudanças climáticas e a escassez de recursos e os avanços tecnológicos. O dirigente enfatiza que a população mundial saltará dos atuais 7,6 bilhões de pessoas para 9,8 bilhões até 2050, com os idosos representando 22% do total.
— Essa população vai quer comer melhor e de maneira mais saudável. Isso vai influenciar toda a cadeia produtiva. A produção de alimentos precisará crescer 70% — estima Freitas.
Neste sentido, o CEO da Eirene Solutions enfatizou que o aumento da produtividade no campo terá de vir pelo uso de tecnologia, já que não existem áreas suficientes para acompanhar esse crescimento acelerado da demanda. Para Marckamann, tecnologias inseridas dentro do contexto da indústria 4.0 – como o uso de robôs – devem chegar às propriedades rurais a longo prazo. Isso deve impactar diretamente no trabalho no meio rural.
— As pessoas vão largar a enxada para fazer programação — exemplifica.
Outra tendência que ainda engatinha no país, mas deve se fortalecer nos próximos anos é a rastreabilidade. O diretor da Brasil Beef, José Crespo, salienta que os empresários brasileiros ainda se mostram resistentes à adoção da tecnologia e a veem como um custo, não como investimento. No entanto, segundo Crespo, a rastreabilidade é uma ferramenta de gestão e de acesso a novos mercados, já que a exigência dos consumidores é crescente.
— O consumidor vai ao mercado e quer saber de onde vem os produtos — justifica.