
Maior exportador global de carne de frango, com 37% das vendas mundiais, o Brasil foi sacudido por uma operação da Polícia Federal (PF) que revelou esquema de fraudes envolvendo laboratórios e a própria BRF na análise de bactéria salmonela em lotes de produtos. Apesar da investigação, batizada de Trapaça, o professor de microbiologia de alimentos Eduardo Cesar Tondo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pondera que o país tem uma das menores incidências mundiais da bactéria.
– A carne de frango brasileira é extremamente regulada. O mercado é muito controlado, o que não quer dizer que não possam ocorrer falhas – avalia.
O professor explica que é impossível produzir carne de frango em grande escala com ausência total de salmonela. No Brasil, o percentual de amostragem aceitável é de até 20%, enquanto a União Europeia é mais restritiva, tolerando até 13%. As incidências brasileiras médias, destaca o professor, vão de 7% a 17%. No Rio Grande do Sul, o percentual de presença da bactéria nas amostras é mais baixo, de 5%.
Sobre a salmonela encontrada nos lotes investigados no Brasil, do tipo pullorum, Tondo esclarece que não representa riscos à saúde humana.
– O grande problema da operação é que casos individuais quebraram a confiança da fiscalização na maior empresa brasileira do setor – resume.
Hábitos simples afastam risco
Existem cerca de 2,6 mil tipos de salmonelas encontrados em diversos alimentos, como na carne de frango e em ovos. As mais temidas à saúde humana no mundo são a enteritidis e a typhimurium – hoje com pouca incidência no Brasil. Saiba como se prevenir, com hábitos simples.
– Consuma carne de frango e ovos inspecionados pela indústria, com procedência reconhecida.
– Cozinhe, frite ou asse totalmente a carne e os ovos (que não devem ser consumidos com gemas cruas).
– Não misture utensílios (tabuas de corte e talheres) usados na manipulação da carne ou dos ovos crus com recipientes usados nos alimentos prontos para o consumo – evitando a chamada contaminação cruzada.