Suco, o mel, o queijo e os pães caseiros já não são mais os mesmos. Com a qualificação, as agroindústrias familiares vêm se profissionalizando, adotando boas práticas de produção, investindo em embalagens mais atrativas e aperfeiçoando seus produtos para garantirem maior tempo de prateleira. E elas vêm crescendo e se espalhando pelo Rio Grande do Sul. Hoje, são 1.007 empresas formalizadas pelo Certificado de Inclusão no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (PEAF), e outras 2.883 cadastradas na Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR).
A agroindústria formalizada de número mil no Rio Grande do Sul, de Roque Gonzales, na Região Noroeste, já foi criada atendendo aos princípios de uma boa gestão. Fomalizada em março, a Agroindústria Familiar Engenho Velho recebeu orientação de técnicos da Emater desde o projeto de instalação, execução das obras até a compra de equipamentos. A família Schropfer fez ainda curso de boas práticas para produzir melado batido.
Do melado artesanal para a fabricação industrial, o patriarca da família, Carlos Schropfer, ressalta melhorias como o maior conforto na fabricação. As queimaduras na pele durante a fervura ficaram no passado. Assim como a presença de abelhas e outros insetos, já que o forno e os batedores agora são fechados.
_ Agroindústrias têm que competir a partir de um produto diferenciado, já que não têm escala. E só conseguem isso se buscarem se capacitar e profissionalizar _ analisa Bruna Bresolin, coordenadora do Programa Estadual da Agroindústria Familiar da Emater.
O secretário de Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto, lembra que a industrialização agrega renda:
_ Os produtos são diferenciados, pois utilizam matérias-primas que vêm da própria propriedade.Em 2016, foram formalizadas 150 empresas, número bem abaixo do recorde registrado em 2013, quando 261 novas agroindústrias foram inscritas no PEAF. O secretário Minetto explica que após um período mais intenso de formalização, que ocorreu nos dois primeiros anos do programa, os produtores foram se acomodando. _ Nós temos muito mais para legalizar, mas a burocracia, a dificuldade financeira ou falta de informações acabam prejudicando _ detalha o assessor de agroindústrias da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Jocimar Rabaiolli.
Decisão pela família
Por trás da formalização da Engenho Velho há uma história de sucessão familiar e de receio com a vida na cidade grande. E a oportunidade de comercializar de forma legal. O sonho antigo de abrir a empresa ganhou um empurrão quando o único herdeiro da família Schropfer, Anderson Felipe, 21 anos, mudou os planos de morar na Capital, após tentar a sorte na cidade.
Ao terminar o Ensino Médio, Anderson decidiu conhecer Porto Alegre mas, em menos de um mês e com emprego quase fechado, retornou para o Interior, por achar a cidade muito "agitada".
_ Pesou o fato de eu ser filho único, gostar de trabalhar na lavoura com cana-de-açúcar e já termos parte dos equipamentos _ conta Felipe.
Há 17 anos produzindo cachaça, a família viu no melado a oportunidade para abrir a empresa. O trabalho é feito por Felipe e os pais Rosalina e Carlos.
_ Foi muito importante ele ter ficado, um ajuda o outro _ conta o pai.
Passo a passo para a formalização
1º Procure o escritório da Emater de sua cidade e consulte o plano diretor para ver se é possível construir no terreno.
2º Busque um profissional técnico para realizar o projeto de instalação da unidade.
3º Consulte o órgão sanitário competente para apresentação do projeto.
4º Para a licença ambiental, procure a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Fepam ou, caso participe do Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf), pode fazer uso da licença ambiental do programa.
5º Se for microprodutor rural e produzir a própria matéria-prima da agroindústria, os produtos poderão ser comercializados via talão do produtor. Caso contrário, é necessário constituir um CNPJ, seja por Microempreendedor Individual (MEI) ou microempresa.