Antes mesmo de começar a semear as lavouras de soja, produtores gaúchos já venderam quase 30% da próxima safra. No ano passado, no mesmo período, esse percentual não chegava a 10%, segundo a Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS). A antecipação dos agricultores mostra que eles não estão dispostos a assumir riscos diante de um cenário incerto na cotação do dólar.
- As empresas estão estimulando os produtores a aproveitar os bons preços, seja na troca do grão por insumos (fertilizantes e sementes) ou em contratos futuros - confirma Décio Teixeira, presidente da entidade.
Sem saber o que irá acontecer no próximo ano, quando irá colher a oleaginosa a partir de março, os agricultores estão optando em garantir contratos de até R$ 75 a saca. Para Teixeira, a antecipação poderá aumentar ainda mais até o final de setembro, quando o produtor já terá comprado todos os insumos para implantar a lavoura.
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O mesmo comportamento é seguido por produtores de outros Estados. Conforme dados da consultoria AgRural, divulgados na última sexta-feira, o percentual comprometido da safra de soja 2015/2016 no Centro-Oeste é de 29%. No país, é de 25%, ante 7% no mesmo período do ano passado.
Para o consultor de mercado Paulo Molinari, da Safras & Mercado, a antecipação é prudente neste momento, já que os preços atuais cobrem os custos de produção.
- A maior preocupação nesta safra é evitar o deslocamento entre o que foi investido nas lavouras e o preço de venda da soja no próximo ano - explicou Molinari, ao participar do Fórum Soja Brasil.
Assumir uma safra de soja com custos altos agora e apostar em um câmbio ainda maior do que o atual em 2016 é muito arriscado, na opinião do consultor.