O desconforto gerado pela publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que classifica o herbicida glifosato como cancerígeno a humanos fez a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se mexer. Nesta semana, o órgão determinou ordem prioritária à reavaliação do uso do produto no Brasil. A substância para controle de plantas invasoras é usada em 98% das lavouras gaúchas de grãos com plantio direto.
- Essa análise já deveria ter sido feita pela Anvisa. É preciso dar uma satisfação à sociedade - destaca o médico toxicologista Flávio Zambrone, coordenador do Grupo de Reavaliação do Glifosato no Brasil, formado por empresas que comercializam o produto.
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Em publicação no mês passado, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), órgão ligado à OMS, fez uma classificação na contramão da maioria das agências reguladoras mundiais que identificam o glifosato como um produto seguro - desde que usado em dosagens corretas. Em nota divulgada terça-feira, a Anvisa afirmou que, diante da recente classificação do glifosato pela IARC, dará imediata continuidade à análise deste ingrediente ativo, assim como de outros agrotóxicos citados pelo artigo.
Ainda em 2008, o órgão determinou que o glifosato precisava passar por uma reavaliação toxicológica sobre danos à saúde e ao ambiente por suposto uso em excesso.
A publicação completa do estudo da IARC, prevista para o primeiro semestre deste ano, trará informações detalhadas para uma análise crítica.
- A avaliação da Anvisa não pode ser passional nem ideológica, tem de ser técnica para proteger a saúde pública - completa Zambrone.
Vendido no Brasil desde 1978, o glifosato é o herbicida mais usado no mundo. A Monsanto detém metade do mercado mundial do produto, principal ingrediente do Roundup. Empresas como Syngenta, Basf e Bayer também têm produtos à base de glifosato.