Santa Maria deve ter em breve a primeira agroindústria familiar de pescado da Região Central, no distrito de Arroio Grande. A ideia surgiu há três anos, mas só agora está saindo do papel e se tornando realidade para seu idealizador, o piscicultor Sérgio Dalpiva, que há 20 anos se dedica ao ramo.
Com recursos próprios, ele vai construindo o espaço aos poucos. Quando estiver funcionando, a expectativa é de que a agroindústria abata até 5 mil quilos de carpas, tilápias e jundiás por dia.
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- Quero comprar peixes de outros produtores, além dos que já produzo aqui, fazer o abate e a venda. Também teremos espaços destinados ao aluguel para produtores que queiram vir até aqui para abater - explica Dalpiva.
A agroindústria tem salas de limpeza, processamento e armazenamento, além de vestiários feminino e masculino e de espaço para a parte administrativa. O piscicultor pretende, ainda, montar uma loja de pescado e vender para o comércio. O faturamento mensal ainda não foi estimado, mas Dalpiva está otimista diante do positivo cenário regional.
- Também tenho o projeto de montar uma espécie de caminhão do peixe, que percorreria as cidades da região, mas isso é mais para o futuro - afirma Dalpiva.
Ainda faltam detalhes para a inauguração da agroindústria, segundo o piscicultor, mas a previsão é de que tudo esteja pronto em maio. Ele diz que já investiu cerca de R$ 80 mil na construção das instalações. Hoje, cinco pessoas trabalham na propriedade, mas, com o início do serviço, a meta é até triplicar o número de funcionários.
Projeção de crescimento
O cenário municipal favorável contribui para o otimismo de Dalpiva. Nos últimos seis anos, a produção e venda de peixe em Santa Maria mais do que dobraram.
Em 2009, foram vendidas cerca de 40 toneladas na Feira do Peixe Vivo, tradicionalmente realizada durante a Semana Santa. No ano passado, foram 90 toneladas, além de outras 60 toneladas ao longo do ano, quando o Caminhão do Peixe percorreu bairros da cidade.
Os peixes comercializados em 2014 renderam R$ 1,5 milhão aos produtores. De acordo com a Emater, a previsão é de que a produção neste ano atinja a marca de 200 toneladas no município.
Novo estágio de produção
De acordo com o secretário de municipal de Desenvolvimento Rural, Rodrigo Menna Barreto, Santa Maria tem cerca de 80 piscicultores profissionais, cujo cultivo é a única fonte de renda. Por meio do programa Pró-Peixe, eles ganham incentivos: distribuição gratuita de alevinos, assistência técnica, além de cursos e insumos para estimular a produção.
Além disso, um projeto que está em tramitação no Ministério da Pesca busca garantir investimento de R$ 600 mil para construção de 200 tanques nas propriedades dos criadores. A Associação dos Piscicultores de Santa Maria (Apism) tem, atualmente, 16 associados.
Segundo o presidente Paulo Schuster, a atividade é promissora.
- Os peixes estão gerando emprego e renda para famílias de produtores rurais. Agora, com a agroindústria, teremos a chance de atingir novos mercados - projeta.
A expectativa é avalizada pela Emater, para quem a região entrará em nova etapa de produção quando o abatedouro ficar pronto.
- Precisávamos de investimento em tecnologia, e a agroindústria vai permitir isso. Assim, poderemos oferecer produtos diferenciados, como postas e filés de peixe, o que até agora não era possível - observa o engenheiro agrônomo da Emater, Mário Oneide Ribeiro.