Se o entusiasmo dos produtores gaúchos com o rendimento das lavouras de soja for transferido para a Expodireto Cotrijal, que começa hoje em Não-Me-Toque, não faltará disposição para os negócios.
Apesar do ânimo diante de uma safra com tudo para bater recorde, o cenário de retração da economia brasileira e juro mais alto impõe cautela às projeções de vendas de máquinas e implementos agrícolas - principais atrações da feira de tecnologia agrícola no norte do Estado.
Até sexta-feira, 230 mil pessoas deverão passar pelos 84 hectares do parque para conferir produtos e serviços de 515 expositores. Domingo à tarde, os últimos preparativos estavam sendo feitos para receber os visitantes de mais de 70 países que estarão representados na feira.
A expectativa dos organizadores é de que a Expodireto seja beneficiada pelo clima positivo no campo. Com abundância de chuva no verão, o Estado deverá colher a segunda maior produção de grãos da história: 29,6 milhões de toneladas, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O resultado só não será superior devido à quebra da safra de trigo no inverno. Na soja, o rendimento esperado é recorde: mais de 14 milhões de toneladas.
- O que mais satisfaz o produtor é colher bem, está no DNA dele - afirma Gelson Lima, coordenador da área de produção vegetal e animal da Expodireto Cotrijal.
Além da safra cheia, o dólar valorizado deverá beneficiar os produtores. Com a moeda americana acima dos R$ 3, o maior nível dos últimos 10 anos, a rentabilidade das lavouras está assegurada.
- O ambiente doméstico de incerteza é pouco significativo para o produtor rural, que deve olhar o cenário internacional - frisa o economista Celso Pudwell, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O economista refere-se a bons preços e à crescente demanda por alimentos em países asiáticos, o que ajudará a manter o crescimento do agronegócio brasileiro - dando um fôlego à economia do país em ano de retração da indústria e de serviços. Levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) indica que a colheita de grãos deve injetar R$ 121,97 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) - alta de 12,13% em relação ao ano passado. O valor corresponde a mais de um terço do PIB gaúcho.
Juro elevado pode inibir vendas maiores
Os juros menos atrativos das linhas de financiamento para compra de máquinas e os recursos limitados em alguns programas levam fabricantes a esperarem negócios mais tímidos do que em 2014 - quando a Expodireto alcançou o faturamento recorde de R$ 3,2 bilhões.
- Os bancos estão mais criteriosos para liberação de crédito - reclama o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier.
O Programa de Sustentação do Investimento (PSI), por exemplo, subiu a taxa de 2,5%, em 2013, para 7% a 9% este ano, diz Bier.
As principais instituições financeiras, porém, garantem que foram para a Expodireto sem limite de crédito. Embora não arrisque uma estimativa de negócios para a feira, o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, afirma que o evento é direcionado à informação e à tecnologia para o produtor. Os negócios são consequência:
- O foco não é bater recorde todo o ano. Mas a feira pode surpreender - resume Mânica.
SERVIÇO
16ª Expodireto Cotrijal
Quando: de hoje até sexta-feira
Onde: RS-142, km 24, em Não-Me-Toque
Horário: das 8h às 18h
Ingressos: entrada gratuita