Com quase metade da área colhida e produtividade média por volta de 7,6 mil quilos por hectare, segundo levantamento mais recente da Emater, a safra de arroz tem perspectiva positiva no Rio Grande do Sul.
O desafio, apontam entidades ligadas ao setor, está em negociar bem a produção para aliviar o crescente custo de produção, que teve alta de 17% em relação ao ano passado, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), e já preocupa para o próximo ciclo.
- O que deve determinar o lucro não é mais o preço, mas sim o custo de produção. A recomendação é escalonar as vendas e aumentar a eficiência produtiva na próxima safra - diz Tiago Barata, diretor comercial do Irga.
Ele ressalta que, apesar da expectativa de safra com volume similar à de 2014 e suficiente para suprir a demanda gaúcha, há uma pressão de alta no preço por fatores como baixa oferta de estoque (o que reduz a capacidade de intervenção do governo no mercado), oportunidade de exportação (especialmente com a alta do dólar) e maior capitalização diante da rentabilidade da soja, cuja área plantada por orizicultores corresponde a um terço da cultivada com arroz:
- O êxito da soja evita a necessidade de ofertar arroz tão cedo, quando os preços são mais baixos. Este fôlego permite avaliar o melhor momento para negociar.
Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS), Henrique Dornelles destaca que o foco dos produtores no cenário atual deve ser a busca por um preço médio de, no mínimo, R$ 38 por saca, sob risco de perder renda em função de novos e inevitáveis aumentos futuros nos custos de produção:
- Teve produtor que dobrou o gasto com energia, sem contar a alta em diesel, frete e mão de obra.
Por isso, ele recomenda cautela:
-O momento é de vender soja e segurar o arroz. É crucial cuidar da liquidez, pois a próxima safra terá custo de produção maior e será um desafio.
Perspectivas no Exterior
Segundo Dornelles, também há uma expectativa de que, a partir de abril, as exportações se acentuem e abram perspectiva de bons negócios. O arroz gaúcho, de acordo com o presidente da Federarroz, corresponde a 95% dos embarques. Em 2014, o Brasil exportou para 54 países.
- A valorização do dólar nos últimos meses deixou um ganho importante de competitividade ao arroz gaúcho, que vem ganhando espaço no mercado internacional em função da qualidade - pondera Barata.
O diretor comercial do Irga salienta, porém, que por mais que seja um canal importante de escoamento, a exportação também tem limitações. Dentre elas, cita, em especial, a competição de espaço no porto com a soja, que tem um peso superior diante da valorização do grão no mercado:
- Por isso, dificilmente exportaremos volumes superiores a 2 milhões de toneladas.