Não é de hoje que produtores gaúchos de leite enfrentam atrasos nos pagamentos. Diferentes razões aparecem na lista das empresas do setor para explicar esse descompasso, dos efeitos sentidos em decorrência das operações que detectaram fraude no alimento à queda no consumo.
As dificuldades financeiras empurraram algumas indústrias para o caminho da recuperação judicial, colocando o produtor no fim da fila de quitação. Já há ações cobrando a dívida na Justiça.
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Estimativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) aponta que 20 mil famílias têm valores a receber. Se considerada uma média de três integrantes por família, são cerca de 60 mil pessoas atingidas no Rio Grande do Sul.
Há casos de produtores há quatro meses sem receber. O efeito aparece não só na renda da propriedade. Atinge comércio e arrecadação de municípios com a pecuária de leite como referência.
Nesta segunda-feira, reunião realizada na sede da Fetag-RS, em Porto Alegre, negociou acordo com a Santa Rita Laticínios, de Estrela. Foi desenhado novo cronograma para quitar a dívida - cerca de R$ 3 milhões -, referente a leite entregue nos meses de novembro e dezembro de 2014.
Pela negociação, R$ 200 mil serão pagos dia 22, e igual quantia, dia 30. O valor será dividido entre os mil produtores que têm dinheiro a receber e representa 20% do total em aberto do mês de dezembro.
Com relação aos valores de novembro, a empresa pagaria 50% do total entre o fim do mês de fevereiro e 10 de março.
A proposta será repassada aos produtores, a maioria da região de Santa Rosa e Missões.
- Continuam as negociações para os outros 50% a receber de novembro e os 80% de dezembro - explica Nestor Bonfanti, 1º tesoureiro da Fetag-RS.
Em Crissiumal, no Noroeste, cerca de 200 produtores protestaram em frente à sede da Italac. A ação da Comissão Regional dos Credores da LBR, com apoio da Associação de Pequenos Agricultores do município, ligada à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado (Fetraf-RS), chamava a atenção para os mais R$ 1 milhão que agricultores têm a receber da LBR. Em recuperação judicial, a empresa arrendou as unidades de Crissiumal e Tapejara à Italac. Proposta recente para quitar 50% do valor foi rejeitada.
Ainda que esse seja um problema de mercado, a falta de uma solução poderá custar caro. E não só para a indústria e seus fornecedores.