Enquanto a produção agrícola do Sudeste e do Centro-Oeste do país é penalizada com tempo seco e quente, o Rio Grande do Sul começa a contabilizar os prejuízos causados pelo excesso de chuva e umidade. As lavouras de trigo terão queda significativa de produtividade e, ainda pior, de qualidade.
A maior preocupação está concentrada na região noroeste do Estado, onde foi plantada quase metade da safra gaúcha de trigo. Em algumas lavouras já colhidas, o cereal não apresentou sequer valor comercial, ou seja, fora do padrão necessário para moagem em indústrias de panificação ou confeitaria.
- O grande problema das doenças de espigas, acentuadas pela combinação de umidade e calor, dá-se na qualidade do grão - explica Dulphe Pinheiro Machado Neto, gerente técnico estadual da Emater.
Nos últimos dias, as chamadas comunicações de ocorrências de perdas começaram a chegar em maior volume à Emater.
- Essas comunicações para seguro agrícola são um termômetro do que virá pela frente - acrescenta Dulphe.
As fortes precipitações dos últimos dias, inclusive com chuva de granizo, resultaram ainda em perdas pontuais em lavouras de milho já semeadas na região de Palmeira das Missões. Nas áreas de arroz, na Metade Sul, a umidade também tem trazido dificuldades ao plantio.
E se no Centro-Oeste o problema é a falta de chuva para semear a soja, aqui é justamente o contrário. O zoneamento de plantio da cultura no Rio Grande do Sul teve início na semana passada, apenas no calendário. No campo, nenhuma máquina conseguiu ser colocada na terra. O receio agora é para possíveis erosões no solo.
Sem controle sobre as variações climáticas, o que resta é torcer para que os resultados da safra de verão, mesmo com ganhos mais apertados na soja, compensem as perdas de um inverno e começo de primavera que não deixarão saudades no campo.