Com o uso da biotecnologia consolidado nas lavouras de soja e de milho do país, a polêmica da vez é a discussão para a liberação comercial dos eucaliptos transgênicos. O Brasil pode se tornar o primeiro país a conceder esse aval. Na última semana, o assunto foi debatido em audiência pública realizada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
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Agora, os relatores das quatro subcomissões setoriais - saúde humana, animal, vegetal e ambiental - recebem cópias das manifestações e documentos anexados ao processo. A partir daí, ficam aptos a fazer um parecer. Para que seja votada a liberação comercial, é necessária antes a aprovação nessas subcomissões.
Desejada por empresas florestais por permitir produtividade 20% maior, segundo pesquisas feitas pelo setor, a tecnologia é vista com ressalva por outro segmento, que tem menor poder econômico, mas promete fazer barulho.
É o caso da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), que teme o impacto da decisão no mercado externo.
- O eucalipto é uma planta melífera e por isso tem impacto sobre a produção. Hoje, da forma como está, não queremos a aprovação do transgênico. Não existe uma pesquisa mais consolidada, feita por terceiros - afirma Joelma de Brito, secretária-executiva da entidade.
Voltado à exportação - entre 65% e 70%-, o produto brasileiro tem como grande diferencial o fato de ser orgânico. Mais de 80% do mel e do própolis embarcados são certificados e não podem ter "nenhuma partícula de pólen que não seja orgânica", explica Joelma. Outro mercado-alvo, a Europa, não aceita, mesmo no produto convencional, resíduos de organismos geneticamente modificados que não sejam aprovados pelo bloco.
Trocando em miúdos, o que a Abemel quer é que se amplie a discussão antes que seja dado sinal verde para a produção comercial.